Circus

4/9/2006
Antônio Carlos de Martins Mello - Fortaleza

"Cerviños e Corruptelas de Suannes (Migalhas 1.489 – 1/9/06 – "Circus" – clique aqui). Li, reverente, as estórias do respeitável professor sobre as corruptelas, dédalos, ariadne e outros faunos e heróis, que correspondem ao que aprendi ao ler a história e mitologia gregas no seminário em que fui interno pra ser frade. Nada que opor, claro, senão pra ampliar. Segundo me contaram, a propósito de 'cerviños', os romanos apreciavam o churrasco do inocente animalzinho que, segundo também diziam, se afeiçoa aos do mesmo sexo se com eles for confinado por algum tempo. Daí o 'venatus' (veado > do depoente venari = caçar > venatus = caça, caçado) veio a substituir, na linguagem elegante das damas romanas, o antigo 'cervus, i', que se contagiara com a então reprovada afeição entre machos. Já não pediam as patrícias 'carne de cervo', mas 'carne de veado', mais branda expressão. Todavia, o uso reiterado do eufemismo acabou por contagiar igualmente o 'venatus, i', ou seja, veado, como ocorre até a nossos dias. 'Per saltum', poderíamos chegar a uma expressão de Cícero, a saber, 'canum alacritas in venando' - o ardor dos cães caçando (veados, vá lá), algo parecido com a caça às bruxas de futuros parlamentos neolatinos. Ou ainda 'venari in pleno mari', caçar em mar alto ou mar de lama, quem sabe, e a não menos oportuna frase 'venari suffragia plebis', caçar os votos populares. Nada, portanto, de novo debaixo do Sol. Mas nossa cultura quase sempre inútil ajuda a entender as coisas e contas correntes."

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