Eleições 2006

20/9/2006
Isaac Newton Pessoa

"A moralização do processo eleitoral depende de mudanças radicais no sistema. Falam muito mal dos políticos, mas nessa atividade o que importa mesmo é não perder, como em qualquer disputa. A safadeza começa com o eleitor, que pede dentadura, tijolo, passagem de todo o tipo, consulta médica, telhado, e por aí afora. A campanha é cara e vence quem está melhor aparelhado de recursos capazes de satisfazer essa demanda, não o intelectualmente mais capaz para o exercício da função. Assim, a condição prévia de uma candidatura seria a aprovação em teste de conhecimentos desejáveis para o nível de representação colimado. Com isso, não teríamos um Presidente que mete os pés pelas mãos quando fala improvisadamente e, do mesmo passo, desestimula a busca do saber como requisito para a ocupação de cargos de relevo, inclusive a 'suprema curual da República'. Se os candidatos a gari submetem a teste de escolaridade (a meu ver uma aberração - aptidão física deveria ser o único critério); se qualquer cargo público, excluídos os de confiança, exigem concurso; se ninguém pode comandar uma aeronave de qualquer tipo sem habilitação específica, tanto mais exigida quanto maior for o porte dela, por que se permitir que indivíduos se candidatem a cargos de elevada responsabilidade sem credenciais intelectuais para a função? Isso permite o primado da demagogia, da corrupção da máquina eleitoreira, da volúpia de promessas utópicas, nunca cumpridas justamente porque são utópicas, sobre o da seriedade e o da competência técnica. Acende-se a esperança nas massas e como a maioria pobre vive na expectativa de milagres, como ganhar uma casa na Telesena do Silvio Santos, que não resolve de modo algum o problema habitacional brasileiro, mas permite ao esperto comunicador ganhar milhões, QUEM OUSA PROMETER MUITO SE SAI MELHOR nos embates eleitorais. Cesta básica e bolsa-escola representam compra de votos em favor do governante de plantão, com nosso chorado dinheirinho. Outra distorção são as 'Cotas Raciais', que criam indesejável, sobre prejudicial, presunção de incompetência para o aluno. Justo e produtivo seria conceder oportunidades iguais a todos, pois no Brasil não se discrimina o negro, sim o POBRE, não importa seu nível de melanina. A própria mídia é muito hipócrita, que profliga os políticos de acordo com seu grau de interesse própria, vive de vender espaço bem pago a governantes que gastam nosso rico dinheirinho para alardear as obras, às vezes faraônicas e inacabadas, onde há sempre muito desperdício, do 'seu' governo. Aqui em Manaus, por exemplo, no afã de atrair eleitores, o candidato Amazonino Mendes, nosso conhecido de meio século, já promete complementar a bolsa-escola do Governo Lula com recursos estaduais. O interesse é sempre suspeito. O interesse é egoísta quando pessoal. O tema Segurança, sempre trazido à baila por candidatos a todos os cargos eletivos, apresenta como solução falaciosa o aumento do número de presídios e dos efetivos policiais, como a cenoura diante do burro carroceiro, nunca atingida,quando a melhora nessa rubrica exige medidas de longo prazo, com denodado combate à paternidade irresponsável, que puniria quem saísse por aí a semear filhos sem cuidar de sua 'lavoura', deixada ao encargo de terceiros que, por via dos impostos, ficam sem condição de cuidar da própria, de sorte que a Classe Média brasileira se acha em extinção. Vasectomia compulsória nesse pessoal, como medida cautelar e tutela antecipada do bem estar do menor. A paternidade é tão importante que os candidatos ao posto deveriam fazer curso. E a sociedade deveria garantir escola para todos e comida para a família desempregada, em vez de estimular a reprodução excessiva das camadas mais carentes e menos qualificadas, donde resultam cidadãos de terceira classe. O incentivo ao casamento, com financiamento de moradias a juros progressivamente menores, por pouco que fosse, para quem permanecesse mais anos no casamento. Como se sabe, o interesse individual é a grande força, daí o fracasso dos governos comunistas no mundo. Ninguém constrói balsa para fugir para Cuba porque lá só o Fidel tem lugar de destaque. Não há possibilidade de enriquecimento individual dos indivíduos, como no 'Sonho Americano'. Daí o fato de as balsas serem construídas para fuga da Ilha. Fico por aqui."

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