Eleições 2006

21/9/2006
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Não, não e não. O presidente não sabia de nada. Nada viu, nada ouviu e nada disse e, muito menos, autorizou. Uma verdadeira conspiração promovida por companheiros nos quais confiava. E nem havia motivos para ser diferente, já que ele, o presidente - ao menos isso ele sabia - colocou-os em cargos-chave no governo e em sua própria campanha à reeleição. Mais uma vez traído, o nosso presidente. Cercado de traidores que tramam, à sorrelfa, sua não reeleição. O mesmo - como se sabe - aconteceu a Getúlio Vargas quando Gregório Fortunato, tentando proteger o chefe de suas culpas evidentes, agravou o quadro tentando matar Carlos Lacerda, o maior crítico do governo. Getúlio - ao que consta - de nada sabia. Ou sabia, e ficou na mão com a incompetência de seu assessor que, afinal, falhou e não conseguiu matar Lacerda. Entre a cruz e a espada, e não podendo fugir às suas responsabilidades, se suicidou, naquele agosto do longínquo 1954. Como disse em sua carta-testamento, deixou a vida para entrar na história. E, de fato, entrou. Agora, tudo se repete com o presidente Lula que, não podendo estar presente no Alvorada - já que a maior parte do tempo está longe do Planalto em intermináveis viagens - deixa as coisas nas mãos de pessoas que pareciam de confiança mas que, por completa incompetência, praticam atentados, dessa vez contra a democracia e o Estado de Direito, cooperando, afinal, para matar sua própria candidatura. Getúlio, que só tinha um Gregório Fortunato - que cuidava de sua segurança - acabou se matando, e passando para a história. O problema de Lula é muito maior. Cercado por um verdadeiro exército de Gregórios e Fortunatos, todos interessados na sua segurança e felicidade - não só pessoal mas de toda a canalha - se vê diante de mais um atentado que também falhou. Um segurança desqualificado (que foi alçado à condição de assessor direto do presidente), um técnico em enfermagem (guindado a diretor de banco estatal), o organizador da máfia das ambulâncias (que sangrava o erário em milhões de reais), um ex-policial federal e agora advogado encarregado de analisar a viabilidade jurídica do atentado, um companheiro filiado ao PT de Mato Grosso (e que controla a Funasa local), um ex-secretário do Ministério do Trabalho (que elaborou a campanha de Lula) que atua no preparo, divulgação e venda de notícias falsas sobre candidatos oposicionistas, e até o próprio presidente do PT - pois que, afinal, todos são petistas - esses os Gregórios Fortunatos do presidente, que organizaram (sem nada dizer ao seu chefe, é claro) um atentado visando fraudar as eleições, liquidar com o processo eleitoral e matar - não um jornalista - mas a instituição que juraram defender. Getúlio, como se disse, premido pelas circunstâncias, e pelo fracasso do atentado com o qual pretendia calar um jornalista, se suicidou, saindo da vida para entrar na história. Não se espera tanto de Lula que, afinal, de nada sabia. Mas sem dúvida, espera-se que saia da vida pública e entre na história. Certamente como chefe de um dos mais corruptos governos que esse país já teve. Se não tiver hombridade suficiente para fazê-lo, que o faça o Tribunal Eleitoral, que não pode se calar diante do ambiente de devassidão em que se transformou a política no Brasil. Até porque não se pode esperar que o povo possa escolher entre tantos candidatos, todos com propaganda gratuita na televisão, e sem acesso às informações pertinentes a cada candidato. Informações verdadeiras e não esse simulacro de informação que é o horário gratuito de televisão. Certos candidatos, e nisso terão os eleitores que contar com a rapidez do TSE, devem ser impedidos de se candidatar."

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