Eleições 2006

22/9/2006
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"República dos traídos. Ou dos traidores? Lula, como se sabe, nunca sabe de nada, nunca viu nada, nunca ouviu nada e o que diz é, apenas: 'Fui traído'. No entanto, é uma traição sem traidores, já que Lula, em nenhuma das vezes em que foi à televisão dizer-se 'traído pelos companheiros' indicou sequer um dos traidores. Caindo Berzoini, o presidente nacional do PT - repita-se, o presidente nacional do PT -, os jornais informam que isso se deu em virtude da exigência de dois outros petistas, Dilma Rousseff e Tarso Genro, na tentativa de evitar que a crise política atingisse o chefe virtual do PT, o presidente. Quanto a Dilma Rousseff - dizem os jornais - afirmou ela sentir-se traída por Berzoini, ao saber que ele sabia da mutreta do falso dossiê encomendado pelo PT, o partido que preside, o partido do presidente Lula. Outro envolvido no caso, outro petista por coincidência é claro, é Hamilton Lacerda, que vem a ser o coordenador de comunicação da campanha de Mercadante ao governo de São Paulo. Mercadante, então, dizendo-se traído - segundo os jornais de hoje - e alegando quebra de confiança por parte do candidato, afastou-o. Berzoini trai a confiança de Dilma Rousseff, Hamilton trai a confiança de Mercadante, ou seja, dois petistas eméritos, coordenadores das campanhas dos candidatos à Presidência da República e ao Governo de São Paulo, são os traidores escalados. E o PT, segundo o presidente, o trai, assim como tem sido vítima de traições diversas dos que o cercam. Até o santo desconfia quando a esmola é demais. Até nós, eleitores ignorantes, desconfiamos quando a coincidência é demais. Ou, quando há muita coincidência, é porque não é coincidência. A verdade, evidente, é que nessa república Lombrosiana - como disse José Nêumane em artigo publicado no Estado de S. Paulo - não há traídos e nem traidores. O que há, é claro, é uma vocação para o errado, um hábito de desonestidade e um absoluto desrespeito pelo povo, pelos eleitores, pela nação e, afinal, pela democracia. O que nos leva à conclusão contrária que, afinal, há traídos e traidores, esses últimos conhecidos de todos. Traído é o Brasil, que tem de suportar essa corja de despreparados que se apossou do Poder, transformando nosso país nessa caricata república sindicalista na qual vivemos. Enquanto tais elementos saqueiam os cofres públicos e repartem entre si o butim que acaba em cuecas e malas dos companheiros, o fruto da pilhagem generalizada serve para pagar ambulâncias superfaturadas, apoio político de mensaleiros e a produção de falsos dossiês contra candidatos de outros partidos. As próximas eleições devem ser aproveitadas para expurgar o país, tirando do Poder essa súcia que se infiltrou em todos os cantos do governo. Expurgar, purificar, tirar as sujidades, limpar, corrigir, ou qualquer outro sinônimo serve para significar o que deve ser feito no país, o que só se dará expulsando da vida pública tais políticos e imunizando o país de sua presença na vida pública. Como se faz com uma praga..."

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