Eleições 2006

3/10/2006
Alexandre de Macedo Marques

"Sempre percebo o Migalhas como um espaço aberto, multicultural e multiopinativo, com o saudável viés de não ser dogmático ou preconceituoso. Mas, às vezes, surpreendo-me com certas manifestações da redação, com forte odor de preconceito e espírito obtuso. É o caso das notas, carregadas de 'maldade feminina', tendo como objeto o cidadão Clodovil Hernandez, deputado federal eleito por um pequeno partido (Migalhas 1.509 – 3/10/06 – "Pânico no Congresso"). Ora se não há nada a opor à vontade popular que levou ao mais alto cargo da República um cidadão troncho, desbocado e semi-analfabeto, cuja incultura foi elevada à condição de milagre democrático e exemplo para o mundo, porque publicar notinhas que estariam melhor em colunas de fofocas do meio televisivo ou de moda? Seria útil que os redatores de Migalhas, além de lerem a manchete lessem, também, a notícia que serve de base à nota-migalha. Na nota em que informa que 'Clodovil se diz preocupado com a decoração de seu gabinete', Migalhas engoliu a pérfida e mentirosa manchete de uma matéria da Folha de S. Paulo, jornal que já teve melhores dias de confiabilidade. O Clodovil foi vítima de distorção deliberda do sentido de suas palavras e da mania nacional de sermos um povo de sujeitos engraçadinhos. Pessoalmente, lendo a Folha deparei-me com a manchete em pauta, o que me causou mal estar. Fui ler. Na realidade a uma pergunta do(a) repórter, tipo  'qual a primeira coisa que fará em  Brasília' a resposta do Clodô foi ‘Primeiro ser apresentado à minha sala e à minha mesa.' O trêfego copy desk, tascou 'Clodovil está preocupado com os móveis da sua sala’. A versão Migalhas vai além na maionese. Clodovil 'se diz preocupado com a decoração de seu gabinete.' Em tempos de pesada galhofa do PT, Lula, Berzoini & Cia. e, agora os recém escalados Marco Aurélio Garcia e Tarso Genro, há que ter cuidado. A galhofa hoje em dia é um terreno perigoso. Até isso o PT conseguiu. Por excesso de uso e abuso desmoralizou a galhofa pátria. Em tempo: não conheço o Clodovil, não tenho nada a ver com seu estilo de vida, nem com seus valores ou costumes, não votei nele. Mas está na hora de zelarmos por um mínimo de seriedade sem preconceito. E respeito às pessoas."

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