STF

30/9/2019
Tales Castelo Branco - escritório Castelo Branco Advogados Associados

"Conheço - e conheço muito bem - o STF, desde a fundação de Brasília, quando a Corte se mudou do Rio de Janeiro para lá. A decisão de mudança foi por 7X4 votos, nem todos concordavam com a transferência, mas todos foram. E no dia 21 de abril de 1960, sob a presidência do ministro Barros Barreto, realizava-se a primeira sessão plenária do Supremo em sua nova sede. Eu, muito jovem, no quinto ano da Faculdade estava lá, muito emocionado. Poucos meses depois estive na capital Federal para despachar com alguns ministros. Eles nos recebiam muito bem e até gostavam dessas visitas para quebrar a monotonia. Os tempos passaram rápido. O STF, em breve, tinha figuras extraordinárias como Hermes Lima, Vítor Nunes Leal e Evandro Lins e Silva, com quem me entrevistei várias vezes. A ditadura cassou a todos. E, depois, o tempo continuou correndo. Foi indo, indo e indo até os dias de hoje. Para não parecer bajulação, citarei apenas um ministro, com quem convivi profissionalmente de forma muito próxima: o ministro Teori Zavascki. Era um homem simples, inteligente, culto e firme. Concedia, segundo o protocolo do seu gabinete, cinco minutos para cada advogado. Na primeira entrevista com ele, pra quebrar o gelo, disse: ministro não dá. Preciso duma prorrogação antecipada. Ele sorriu e disse: fique à vontade. Não abusei, falei sete minutos. Bem, esse é o Supremo que eu conheci e conheço; por isso o respeito. Não posso censurar nenhum ministro. Garanto que não há fascistas nem ociosos na Corte. Há opiniões divergentes. Ministros mais duros e ministros mais 'liberais', como nós os chamamos. Não há nenhuma suspeita de venalidade ou de protecionismos. Pelo que presenciei em 60 anos de ininterrupta advocacia criminal, posso dizer, sem dever favor a ninguém, que o STF merece respeito. Por isso, fico indignado, não consigo entender àqueles que atacam, mais do que decisões dos ministros, o próprio Supremo. Não sabem bem porque o fazem, mas fazem. Resumindo: um povo que não respeita a sua mais alta Corte de Justiça, não respeita a si mesmo. É lá que vão ser abafados os últimos suspiros de quem carece de Justiça. Por isso, mais do que tudo, merece respeito."

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