Falecimento - Sandra Regina Machado Arantes do Nascimento, filha de Pelé 27/10/2006 Paulo R. Duarte Lima - advogado, OAB/RN 6.175, Natal/RN "'Enquanto o homem e a mulher não se reconhecerem como semelhantes, enquanto não se respeitaram como pessoas em que, do ponto de vista social, político e econômico, não há a menor diferença, os seres humanos estarão condenados a não verem o que têm de melhor: a sua liberdade.'. (Simone de Beauvoir). Com todo respeito à Sra. Dalila Suannes Pucci, mas não posso deixar de divergir de sua crítica ao nosso 'atleta do século'. Em que pese não possuir procuração do Sr. Edson Arantes do Nascimento para defendê-lo neste fórum de debates democrático que é Migalhas, mas usando de minha sagrada liberdade de expressão venho, respeitosamente, me opor ao conteúdo de sua 'migalha de leitora', em dois aspectos: pelo aspecto do ser humano/pai Edson - não vejo o que criticar na conduta de Pelé, a não ser que a senhora nos explique o que ele fez de errado, pois, salvo engano da minha parte, ele, de forma exemplar, se prontificou a fazer o exame de DNA, investigação de paternidade, e pagava regularmente a pensão para a filha que, ademais, usava seu sobrenome e foi reconhecida para todos os efeitos como filha dele (Que Deus o Pai já esteja com ela, ou que esteja numa transição de paz! Era uma boa mulher e legisladora municipal, pelo que me consta). Querer que ele, Pelé, a amasse igualmente como um filho que mora em conjunto, acho muito injusto, pois, às vezes, podemos amar mais, pela convivência diária, filhos de nossas esposas (enteados/as) do que filhos que nunca vimos, mas, honradamente, não deixamos de nos preocupar e participar no que nos compete legalmente. Penso, cá distante fisicamente da sua cidade, que a senhora erra, de novo, pelo ponto de vista da generalização, pois diz a Sra. Dalila: 'Senhores, decididamente a mulher veio ao mundo para mostrar a outra face dos homens...'. Acho que seria generalizar que todo ser humano do sexo masculino não vale nada, e reduzir demais o papel e a importância da mulher que veio ao mundo por muitas outras coisas e funções nobres e sagradas, para citar apenas uma – maternidade (ser mãe – não há nada igual em todos os sentidos), procriação e continuação da espécie raça humana, citei apenas uma. Quando a senhora diz que '... só nos resta admirar o jogador de futebol e desprezar o homem que sempre se escondeu atrás do ídolo' está sendo, diria eu, dura demais e até (desculpe-me se estou me enganando na leitura) preconceituosa com os homens em geral e com Pelé. Sugiro lembrar uma frase do eminente Norberto Bobbio, que um dia escreveu: 'Quem não tem preconceitos que atire a primeira pedra. Devemos ter muita cautela ao combater preconceitos dos outros. Muitas vezes combatemos um preconceito com outro preconceito. Quer dizer, rejeitamos uma opinião errônea emotivamente assumida como certa, com outra opinião errônea emotivamente assumida, por exemplo, que todos os homens são iguais (o que não é verdade).' Sra. Dalila, por final, sei que a senhora tem muito mais experiência do que eu, em quase tudo nessa vida, entretanto, não me custa lembrar-lhe o pensamento, bem-humorado, que nos adverte: 'Ninguém jamais vencerá a guerra dos sexos: há muita confraternização entre os inimigos'. Saudações democráticas e cordiais," Envie sua Migalha