Ortotanásia - Conselho Federal de Medicina aprova resolução

21/11/2006
Robin de Ruiter

"Compreensíveis os comentários de nosso colega migalheiro Glauco Michelotti. É verdade, poderíamos abordar o tema a partir da ótica do 'conservadorismo e excelência do CFM'. O problema, gravíssimo, é que na prática as vítimas são aqueles que terão suas vidas destruídas. A maior testemunha de que a ortotanásia é uma aberração hedonista é a pessoa que passou pela UTI, foi desenganada pelos médicos, e dela saiu recuperado! São inúmeros casos, inclusive de pacientes em estado de coma por longos anos. Eles teriam despertado se um médico, ou outra pessoa, o privassem desta chance? Infelizmente, nenhuma pessoa pode prever se alguém irá se recuperar ou não, mas a ninguém é dado o direito de matar para 'sentir-se melhor', porque se esta pessoa se recuperasse, a pessoa que pensou em matá-la se sentiria melhor ainda, ao ver o paciente recuperado. O migalheiro tem razão: o CFM não teve um surto psicótico para mover uma cruzada contra os pacientes terminais. Mas a outra face da moeda também é verdadeira. Ou seja, alguém acha que agora o CFM apoiaria um genocídio, em nome de 'pontos de vista simplistas'? Alguém acha que a defesa da vida é simplista? Desde quando? Os comentários sobre a eutanásia, ortotanásia, e tantos outros ‘absurdonásias’ parecem sempre se aplicar a pessoas distantes. Você não vai ver um filho que ama verdadeiramente um pai ou uma mãe tentar matá-lo ou permitir que isso aconteça, jamais. Isso seria um alto retrocesso da humanidade. E esse retrocesso, sim, representaria um campo gravitacional perigosíssimo, ou no dito popular, uma coisa 'do mal' mesmo. O direito à vida é constitucionalmente protegido. Acho que o brasileiro já está cansado de argumentações falaciosas contra a vida, a favor de aborto, eutanásia e tantas outras formas de virar a cara para a responsabilidade do ser humano com a figura do outro. Alguém teria a coragem, ou a cara-de-pau, de dizer que os pacientes que saíram do coma, após anos no hospital, tiveram sua morte adiada? É claro que não! A medicina sempre se pautou nos bons exemplos, na esperança, no salvar vidas, e nunca o contrário. Também infelizmente, já é conhecido de todos, em diversas publicações nas livrarias e na internet, que há muitos interesses internacionais e econômicos no implemento de uma política de controle demográfico, com todas as medidas necessárias para a redução ditatorial da população. A eutanásia e suas facetas seria apenas uma dessas medidas. Não sejamos ingênuos ao pensar que essa discussão tem razões 'éticas', 'religiosas' ou 'emocionais'. É bem pior do que isso. Há muitas empresas que lucrariam e muito com a mortandade de idosos, com abortos etc., segundo se lê na internet com facilidade. Portanto, acho que é bom pararmos com toda a hipocrisia que promove a morte de pacientes. O maior atraso da civilização é o que leva o próprio homem civilizado à morte. Verdadeiramente cruel é planejar a morte de alguém. Isso, sim, é que é cruel. Chega de teorias absurdas contra a vida, passemos sempre à prática do amor que restaura e faz viver, o máximo possível, sempre. O resto é interesse econômico, ou falha vocacional. Pois quem nasceu para salvar vidas, não se regozijará ao abreviar propositadamente uma delas. Não se mata uma pessoa, para salvar outra. Busca-se salvar as duas. Se essa prática for institucionalizada, a da eutanásia e suas caras, estaremos implantando o maior preconceito que esse país já viu: o preconceito contra pacientes 'que eu subjetivamente julgo que não dá mais'. Ora, façamos o favor!"

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