Poema Mãe Negra

23/11/2006
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. Diretor de Migalhas. Li que uma cidadã por ter tratado uma funcionária de Neguinha foi presa e fico pensando: Não está havendo arbitrariedades demais em nome da Lei que pune o racismo. Neguinha? A moça é  branca? Não é negra; ou por caso tratar alguém pelo cor da pele é que se transformou em racismo? Bem, minha mãe era branca, descendente de italiano, e meu pai tratava-a carinhosamente de Nega; eu tive um amicíssimo, infelizmente hoje falecido, Carlos Alberto Negreiros, colega do Colégio Paulistano, onde estudei, todos tratavam-no de Negão, carinhosamente. É preciso alegar algo mais pra ser racista, para quem pronuncia um termo ou outro. Diz que a funcionária tratada de Neguinha passou a chorar após ser tratada assim. Ela não teria levado o termo muito a sério, como depreciativo? Imagine Neguinha? Quiçá quisesse ser tratada de Branquinha? Desculpe-me:  nem tanto ao mar, nem tanto à terra! Se tivesse dito Neguinha suja, vá lá; mas neguinha, para quem é da raça negra, não vejo em que possa significar racismo. E não venham dizer que eu sou racista, por pensar assim. Basta ler o poema abaixo, que fiz em homenagem à Mãe Negra, que se vê abaixo, quando eu era professor: faz mais de 3 décadas. 

Mãe Negra

 

(Poema lido aos 13 de Maio de 1972, a comemoração na EEPS Plínio Negrão, quando o poeta foi o orador)

 

Diz-se que o ódio se paga com ódio

mas vós destes o pedestal do seio,

aos filhos do algoz...

 

Destes amor, em troca da chibata!...

O leite branco, vosso leite,

tão branco quanto outros,

pois branco o são, os de negras ou de brancas,

alimentou as bocas ressequidas e ávidas de alimento.

das sinhazinhas e nhonhos...

 

inoculastes, em nosso sangue, em nossa gente,

O amor de mãe... o amor que agasalha do frio,

embora exposto aos rigores do inverno;

que beija e abenços,

a mão que a magoa...

 

hoje, ombro a ombro,

irmanamo-nos em busca do ideal comum:

o progresso desta Terra;

regada como sangue de vossos filhos,

fertilizada pelas lágrimas de vosso pranto."

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