Ballet Nacional de Cuba

27/11/2006
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"Dom Quixote, literalmente. Com os respeitos devidos à Dama Alícia Alonso, não posso deixar de dizer que fui enganado. Não com a exibição dos bailarinos, é claro. Mas com a propaganda enganosa. A tônica da apresentação do Ballet Nacional de Cuba era o espetáculo Dom Quixote. Não era invocado outra coisa senão esse como apelo ao qual atendi. No teatro o programa adquirido referia-se integralmente a esse Balé. Até aí, tudo bem. Porém, um encarte comunicava que o programa da apresentação era outro e que do balé D. Quixote seria apresentado apenas o terceiro ato. Repito, fui enganado, pois. Porém, pior que isso, foi tomar consciência que a grande sala de espetáculos do Memorial da América Latina, bolada pelo Arquiteto Oscar Niemeyer, era totalmente inadequada para o espetáculo. O teatro tem um palco, retangular, entre duas platéias, concepção esta que deu um resultado catastrófico para o espetáculo. Os bailarinos, preparados para outro tipo de palco, o tradicional, não dançaram para nenhuma das platéias: no primeiro balé, Dilonaea, com música de Villa-Lobos, dançaram voltados para uma das coxias laterais. O resultado foi uma esquisita homenagem ao compositor brasileiro. Quanto aos dois outros balés, inclusive o D. Quixote, pois, o resultado não foi diferente, com os bailarinos sem saber para qual platéia deveriam exibir seus dotes. Apenas no intervalo foi possível solicitar aos presentes que não tirassem fotos do espetáculo, pois, evidentemente, o flash pipocava e incomodava a platéia oposta. Mesmo assim, alguns não atenderam à solicitação. Resta acrescentar que a direção do teatro permitia que retardatários entrassem durante o espetáculo acompanhado de lanterninhas. É fácil imaginar o efeito das suas lanternas na platéia oposta. Nem se fale das luzes sob os degraus das duas escadas da platéia! Em suma, fui enganado pela estúpida arquitetura da sala e pelos promotores do espetáculo."

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