Eleições OAB

4/12/2006
Paulo Menna Barreto – advogado, Mogi Mirim/SP

"Caro Doutor Fernando Pinheiro (Migalhas 1.549 – 4/12/06 – "Migalhas dos leitores - Eleições na OAB"), Seus comentários acerca do tratamento que recebeu ao desempenhar, sem nenhuma remuneração ou vantagem evidentemente, as funções de mesário nas eleições da OAB/SP mostram, claramente, o atual estágio de preocupação e interesse que a Instituição tem para com os seus membros. Mas, saiba, Dr. Fernando, que a Comissão Eleitoral nomeada pelo atual Presidente para garantir a lisura do pleito teve atos muito piores e degradantes do que esse descrito por Vossa Senhoria, que já é, sem sobra de dúvida, absolutamente reprovável. O papel da Comissão Eleitoral deveria ser o de atuar como uma Justiça Eleitoral, coibindo abusos por parte dos candidatos, e práticas de propaganda eleitoral proibidas em nosso Estatuto, e nas próprias Resoluções do Conselho Federal para as eleições desse ano. Veja que no comentário anterior, o Dr. Pedro Luís de Campos Vergueiro mostra a sua indignação com a exposição do D. Presidente da Seccional Paulista em programa de televisão, numa atitude absolutamente antiética, e ocorrida em período eleitoral. Não foi uma ocasião isolada. Infelizmente o Presidente reeleito valeu-se muito do seu cargo para se mostrar na mídia de forma exaustiva. Uma pena. E pena maior é que a Comissão Eleitoral tenha feito vistas grossas a estes abusos. Além disso, inúmeras representações protocoladas pelos demais candidatos não mereceram um tratamento sério por parte da Comissão Eleitoral. Não vi ainda o resultado de nenhuma e nem sei se verei... Porém, agora, ante os fatos já consumados, somente posso fazer coro aos votos feitos por Vossa Senhoria ao Presidente reeleito para que tenha uma segunda gestão realmente preocupada com a defesa dos Advogados e da Advocacia, deixando um pouco de lado a sua própria promoção pessoal. E aproveito, Dr. Fernando, para fazer-lhe um pedido: embora tenha sofrido tamanho descaso quando chamado a atuar em prol da sua classe, cumprindo uma missão bastante enfadonha, mas que tinha um significado maior, e que seu texto resume de forma bastante simplista até, mencionando que aceitou a convocação pois se viu na 'obrigação de colaborar', peço-lhe que reconsidere a posição de que esta teria sido a primeira e última vez em que participa como mesário das eleições da OAB. Peço-lhe isso, Dr. Fernando, porque, em princípio, acho que todos nós, quando chamados a colaborar de alguma forma com a nossa classe, devemos atender ao chamado. É sim a nossa obrigação. E, mesmo com as privações que lhe foram impostas, e o pouco caso com que foi tratado pela Comissão Eleitoral, tenho a certeza, embora sem conhecê-lo, mas pela lucidez de seus comentários, de que cumpriu esse mister de forma digna, honrosa e que muito contribuiu para a classe dos Advogados. Muitas vezes o descaso com que são vistos estes pequenos, mas significativos gestos, apenas movidos pelo intuito de colaborar, nos fazem enxergar uma dimensão muito maior, e perceber que o descaso é muito mais grave do que deixarem de nos servir um lanche ou prever um tempo de descanso e revezamento para uma jornada de nove horas e meia de trabalho. E creio que somente participando de uma forma mais efetiva, aceitando os convites e as oportunidades que nos são oferecidas de trabalhar em prol da advocacia, é que poderemos modificar, um dia, este estado de coisas. Agradeço, Dr. Fernando, a sua dedicação, o seu trabalho, e lhe peço que volte a fazê-lo, caso tenha novamente uma oportunidade. E agradeço em nome dos milhares de Advogados que, com certeza, saberão reconhecer a importância desse seu gesto para todos. Atenciosamente,"

Envie sua Migalha