Água no Nordeste

5/10/2020
Abílio Neto
"Queira ou não queira o eleitorado bolsonarista, é impossível negar que a transposição do São Francisco teve 95% das obras executadas nos governos petistas. Bolsonaro, com a cara de pau que lhe é peculiar, está inaugurando festivamente as etapas que agora estão sendo concluídas, apropriando-se das obras alheias. Mas o mais interessante disso tudo é que faz as inaugurações ao lado do senador Fernando Coelho, líder do governo no Senado e acusado quando foi ministro da Integração Nacional, do governo Dilma, de desviar dinheiro da transposição. A festa que Bolsonaro fez em São José do Egito/PE (1º/10/2020), pode ter sido gratificante para seu ego doentio, mas foi bem mais oportuna para que um jovem poeta sertanejo lhe desse uma 'botada' monumental. São José do Egito, no sertão pernambucano, é a terra sagrada de Lourival Batista, o 'Louro do Pajeú' e toda sua família de poetas. Aliás, poeta é o que não falta naquele município, que por isso mesmo é chamado de ‘berço da poesia’, um lugar onde até as crianças fazem versos. Incomodado com a presença do inominável em sua terra, o poeta Antônio Marinho, fruto de uma família de tradição poética, pois é filho de Zeto e Bia Marinho, neto de Lourival Batista, bisneto de Antônio Marinho, sobrinho de Otacílio e Dimas Batista, de Graça Nascimento e de Job Patriota (por emoção), ele que nasceu em 1987 e começou a versejar e declamar aos 6 anos, foi quem agitou seu estandarte vermelho, feito de palavras duras, para receber o mais alto mandatário brasileiro em seu torrão, a fim de fazer uma inauguração equivocada, festejando com a água que Lula e Dilma levaram aos sertões. A indignação do jovem poeta fez Bolsonaro ficar mal na foto midiática ao lado de um chafariz chamador de votos!"

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