Centro de São Paulo

11/12/2006
Antonio Clarét Maciel Santos

"Senhor Diretor. Uma das causas da paixão que o migalheiro Alexandre Thiollier nutre pela região central da capital de São Paulo é, com certeza, atávica, pois, é ele neto de Renné Thiollier que, antes de residir na avenida Paulista, já na primeira década do século XX, residia na rua XV de Novembro, onde tinha próspero comércio, rua, aliás, que, antes de 15 de novembro de 1889, era denominada rua do Imperador. O que nos motiva a dizer isso é que comungamos do mesmo ideal do consagrado migalheiro quanto à necessária refundação do centro de São Paulo. Grandes escritórios de advocacia abandonam o centro velho e se instalam em regiões dos Jardins, Berrini, Faria Lima, Paulista, ao passo que o Governo Estadual incentiva a instalação de suas repartições em prédios outrora sedes de conglomerados financeiros. Contudo, o que mais nos preocupa é o grande número de restaurantes e bares que estão sendo extintos e seus respectivos prédios transformados em estacionamentos, com o preço da hora superior ao de duas ou mais cervejas. Confesso que nas salas de aula da Academia aprendi a ser jurista, nunca advogado, o que vim a aprender nos bares do entorno, onde se podia trocar idéias sobre processos, causas, causos, onde se falava bem ou mal de colegas, de juízes, de promotores, de cartórios, onde se criticavam decisões, despachos, etc. Hoje, todavia, senhor Diretor, não mais existem bares/restaurantes como o Gouveia, Garagem América, Amarelinho, Leiteria Paulista, Leiteria Campo Belo, Lírico, Campestre, Corso, Senador, Eclético, Patriarca, Sardinha, OP Bar, Palácio do Chopp e muitos outros que nem mais são pinçados por nossa memória. Resta o Guanabara, no início da São João, o Itamarati, no Largo Ouvidor Pacheco e Silva, o API, na rua Álvares Machado. 'Digam', pois, migalheiros, sobre outros bares, do passado ou do presente."

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