Congresso

19/12/2006
Gustavo Pereira Silva – escritório Kubitschek & Silva Advogados

"Até quando? As mesas diretoras da Câmara e do Senado resolveram conceder um reajuste de 91% nos seus salários (Migalhas 1.558 – 15/12/06 – "Reajuste"). A inflação acumulada no período, desde o último reajuste, teria sido de cerca de 29% (perdoem se eu estiver enganado) e o salário mínimo subiu 47%. Não se tem notícia de nenhum trabalhador que tem controle sobre seu próprio salário, podendo aumentá-lo ao seu bel prazer, mas é bom que os eleitores saibam que, ao votar, estão conferindo aos seus representantes esse poder. Em qualquer país do mundo esse fato, não obstante a indignação natural das pessoas, provocaria fortíssima reação. Que pena que isso não ocorra no Brasil. Pergunta-se: onde estão os movimentos sociais? Responde-se: os que ainda existem são financiados pelo governo ou pelos partidos políticos que dão sustentação ao governo. A UNE - União Nacional dos Estudantes, por exemplo, é controlada há 30 (trinta) anos, sem eleições diretas, pelo PCdo B, partido do presidente da Câmara, Aldo Rebelo, que, por sua vez, está aumentando o próprio salário! Ressalta-se, ainda, que esse aumento, 12.840,20 para R$ 24.500,00, provoca um efeito em cascata, ou seja, todas as Assembléias Legislativas e todas as Câmaras municipais espalhadas por todos os Estados e municípios do Brasil têm, legalmente, o direito de aumentar os salários de seus deputados e vereadores, no mesmo percentual! Quando falam que o Brasileiro é pacífico, fico me perguntando se somos pacíficos ou palhaços, pois o Brasil já foi convertido em circo há muito pelos nossos políticos. Quando analisamos o verdadeiro pavor que a atividade política provoca nas pessoas, sobretudo nos jovens, fico imaginando se as pessoas têm consciência do seu poder transformador da realidade... Bradam, bradam... mas, como diz o ditado: 'os cães ladram e a caravana passa'. Até quando?"

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