Um engodo à brasileira 27/3/2021 Luiz Mário Seganfreddo Padão "Brasil, dia a dia vilipendiado e sacado por espertalhões. Um país enorme e sem alma, sem luta, sem galhardia de um povo carente que aceita migalhas e de uma classe culta que busca sempre seus próprios benefícios. Governos de si próprios, que visam sempre à perpetuação do poder, a qualquer custo. Não temos direção, nem perspectivas, um gigante pela própria natureza, simplesmente. Então surge a Lava Jato. O esgoto político e seus meandros vêm à superfície, uma parte desta trama urdida há décadas, bilhões afloram do ralo da corrupção, como se não fosse nada, com cinismo retumbante de explicações estapafúrdias de seus protagonistas. O assalto ao trem pagador é moeda de troco. A sangria do povo jorra por contas e remessas ao exterior, enquanto a pobreza e a miséria do povo clamam por gorjetas ou auxílios na crescente dependência Estado-miséria, reféns da própria tragédia. Por instantes nosso coração palpitou por um destino de correção. A Lava Jato era o início de uma aparente nova era, que levaria o destino de uma nação ao controle de primazia da ética e correção, tamanho era o anseio popular que os Tribunais Superiores não tiveram a coragem de amordaçá-lo, ou contrariá-lo, ficaram silentes, aguardando o momento oportuno de recolocar tudo em seu devido lugar. De nossos anseios e expectativas, criamos um mártir, Sergio Moro. Nosso ícone acabou sendo engolido pela própria vaidade e o sistema putrefato do país se encarregou de todo o resto. Aos poucos, a pandemia e sua tragédia alteraram o foco deste viés de correção. É momento de ação! Heróis e mártires, em passe de mágica, se transformam em bandidos, verdadeiros persecutores paranoicos de crimes não havidos. Uma esquizofrenia judicial de teses conflitantes e vazias, tudo no ar da graça e do invólucro de togas de que se revestem os super-heróis da nação, cujo objetivo é a garantia de retorno à nossa própria natureza. Afinal, somos um engodo e uma nação fadada ao próprio fracasso, enquanto não tomarmos por rédeas o próprio destino." Envie sua Migalha