Violência

16/2/2007
A. Cerviño - SP

"'Quem aplica um castigo quando está irritado, não corrige, vinga-se' (Migalhas 1.597 – 15/2/07). Frase da semana, se não for do mês. Vejamos isso. A mulher do doutor Raymundo Paschoal Barbosa foi morta num assalto. Ele foi um dos maiores advogados que já conheci e que só trabalhava na área criminal. Dia do velório, toda a polícia ali presente, prometendo identificar o assassino. Ele, com aquela voz inconfundível, deixa claro: não aceitarei que manchem a memória de minha mulher com arbitrariedades. Marco Antonio Monteiro foi um dos juízes mais humanos que já conheci. Seu filho, em dia de folga, presenciou um assalto. Ele era investigador de polícia e estava sem o colete à prova de balas. Levado pelo dever, ele sai do carro para prender o assaltante. Um tiro e o garoto morreu. Na missa de sétimo dia, presentes colegas do falecido, o pai repete o mesmo discurso de nosso mestre Paschoal Barbosa. Um último caso: o pai do jornalista Juca Kfouri era Procurador de Justiça e morreu num assalto. Quando o suspeito foi preso, o jornalista foi à delegacia 'entrevistar-se' com o detido. O delegado, prudentemente, designou um investigador para acompanhar o Juca Kfouri, para que este não perdesse a cabeça, segundo disse o delegado. O rosto do detido era um hematoma só. O Juca conversou com o rapaz e, antes de sair, não deixou por menos, dizendo ao delegado: acho que o senhor deveria investigar quais dos seus funcionários perdeu a cabeça. Isso se chama ser civilizado."

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