Governo Lula

19/3/2007
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"Mais um chorão no Congresso. Entre a tristeza e a alegria, pelo andar da carruagem da governabilidade, é melhor a bailarina. Pelo menos ela não foi reeleita e está sendo jogada no ostracismo. Por quem chorou Collor? Pelo amigo PCFarias que fugiu e acabou preso muitas milhas distante? Pela sua morte ainda não esclarecida? Pela Zélia Cardoso de Melo que vazou para o exterior? Pela angústia dos poupadores que ficaram sem poder usufruir suas economias? Pela modificação da moeda que não levou a nada? Pela tensão desses mesmos poupadores que tiveram de mover ações para reaver a poupança confiscada? Pela angústia do poupador de ver o rebaixamento de suas economias para pagamento de advogados e custas judiciais? Pela indignação de ver que o bloqueio das economias vazou para alguns privilegiados? Pela vil aventura econômica de virar a mesa, enfim? Embora tenha feito um lacrimoso discurso de três horas, em momento algum demonstrou saber quem pagou o preço da aventura econômica. Para ele, isso é uma questão fora de qualquer cogitação. Ora, quem pagou o preço dessa aventura foi o povo brasileiro, com muita angústia, muita tristeza, muita revolta, muita desesperança. O povo brasileiro é que foi a vítima de um comportamento fútil e inconseqüente, comportamento próprio de adolescente. Mesmo já passados dez anos, é muita desfaçatez pretender ostentar a condição de vítima de uma farsa. E ainda chorar! Não foi farsa, não. Que não foi podem dizer os ‘cara-pintadas’ que foram às ruas lançar seus gritos de protesto contra o rumo das coisas governamentais que estavam sendo implantadas. Ademais, nessas funestas três horas no Senado, intervieram alguns senadores, dentre os quais destaca-se Aloizio Mercadante que teve o descaramento de justificar que ele, Collor, pagou um preço muito alto pelos próprios e de sua equipe desmandos governamentais. Ora, um preço muito alto quem pagou, repita-se, foi o povo brasileiro, inclusive influenciado pela veemência com que ele, Aloizio Mercadante, atacou, com carradas de razão, a governabilidade Collor. Não há nenhuma razão demonstrável de que o que foi feito o foi injustamente. Collor, como chefe de sua equipe, foi e é responsável pelas angústias, tensões, indignação do povo brasileiro. Quem viveu aqueles anos sabe o quanto foi sofrido sobreviver. Portanto, o discurso de Collor não pode calar fundo em quem quer que seja, inclusive e sobretudo se for um Senador da República, como é o caso de Renan Calheiros, cuja atuação à época era de líder do governo Collor na Câmara. Não há biografia alguma para ser reescrita."

Envie sua Migalha