Natal 21/12/2022 Lázaro José Piunti "Era tudo simples! E a alegria estava no ar! Nas vésperas do natal minha mãe cortava um galho do pinheiro plantado entre a horta e o terreiro no sítio em que vivíamos! O ramo se transformava em nossa Árvore de Natal e a sua base era enfeitada com as figuras do Presépio. Meu pai atrelava o burro 'Redondo' no Carrinho (um veículo a tração - não era carroça e nem charrete), para ir comprar uvas no sítio vizinho do Jeremias Sibinelli. Na véspera da grande noite, a ansiedade era grande. Mas, nem sempre a gente aguentava até a celebração da 'Missa do Galo', à meia noite, ato religioso transmitido pelo rádio, aparelho antigo, de válvulas, ligado na tomada elétrica. Na manhã seguinte lá estava um presentinho, que o Papai Noel trouxera de madrugada, em nome do Menino Jesus, recém-nascido. O brinquedo, um só, variava, ano a ano. Um caminhãozinho de madeira, ou o elefante, pintado azul em tábua lisa, que eu puxava pela cordinha. Outro ano, uma bola de borracha, colorida, muito menor que a de capotão, que jamais ganhei. O almoço natalino era festivo. Comida feita em casa pela minha mãe. Todos os filhos reunidos, incluindo os casados e seus pequenos. Eu, caçula, era titio de alguns sobrinhos mais velhos que eu mesmo. Afinal, sou o último de doze, raspa de tacho. Anos mais tarde, quase treze anos, meu pai, forçado pela idade, vendeu o sítio que garantia o nosso sustento e fomos morar no antigo Bairro da Estação. Nunca tivemos uma Cesta de Natal para brindar a Data Máxima da Cristandade! Só fiquei sabendo que ela existia, quando já trabalhava na Serraria Santa Ana, da família Simão (Rua Paula Souza, 118, fone 144). O senhor Gerth, um senhor muito simpático e sempre risonho, representante das famosas 'Cestas de Natal Amaral – Gigante Amaral' - as entregava por encomenda. Registro o fato sem frustração. Muito pelo contrário. Aquele mimo, como tantos outros alusivos ao Natal, não estavam ao alcance da grande maioria da população. E a educação de berço ensinava a não cobiçar as coisas alheias, confiar na graça divina, trabalhar duro, estudar muito e acreditar no sucesso futuro! O fato é que o espírito de natal, em seu fulgurante lampejo, era realmente santo. Impregnados de amor, eles deixaram saudade. Doces lembranças que plasmaram a nossa personalidade forjando o nosso caráter e a nossa Fé! Não recrimino a época atual. Cada geração vive o seu instante. Feliz, reverencio o passado e recordo a frase do venerável Papa João XXIII: 'Nasci e vivi numa pobreza satisfeita'!" Envie sua Migalha