Medicamentos 18/4/2007 Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL "Depressão, segundo Aurélio, em matéria psiquiátrica, é o distúrbio mental caracterizado por adinamia, desânimo, sensação de cansaço, e cujo quadro muitas vezes inclui, também, ansiedade, em grau maior ou menor. Adinamia é o estado de prostração física e/ou moral, falta de forças, a diminuição acentuada de força e de atividade, ao menos no idioma pátrio, explica Aurélio, diz-se do medicamento que evita ou atenua a depressão, ou da substância que estimula o ânimo de um paciente em depressão. A depressão, enquanto evento psiquiátrico, provoca sintomas variados, indo desde a sensação de tristeza, passando por pensamentos negativos até alterações de sensações corporais, como dores e enjôos. O diagnóstico da depressão exige um grupo de sintomas centrais, como perda de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, alterações de apetite e de sono e lentidão das atividades físicas e mentais. Por isso, foram criados os antidepressivos, ou seja, drogas que aumentam o tônus psíquico melhorando o humor e, consequentemente, melhorando a psicomotricidade de maneira global. São conhecidos os efeitos colaterais dos antidepressivos, de ordem oftalmológica (certa dificuldade de acomodação visual), gastrointestinal (secura na boca, gengivite, constipação), cardiocirculatórias (aumento da freqüência cardíaca), endocrinológico (retenção urinária, diminuição da libido), no sistema nervoso central (tremores nas mãos, sudorese excessiva, ganho de peso pelo impulso de comer doces), e intoxicação (que provoca agitação ou sedação, midríase, taquicardia, convulsões, perda da consciência, depressão respiratória, arritmia cardíaca, parada cardíaca e morte). Por que tudo isso? Porque, ao que parece, nos dias de hoje, acusar os antidepressivos como causa de comportamentos criminosos é a tônica da defesa em caso de furtos, por exemplo. Recentes são os casos de furtos de vasos em cemitérios e gravatas em lojas de luxo, sempre em razão de estarem os agentes tomando antidepressivos. A explicação não é razoável, não convence ninguém, mas tem o condão de, socialmente, explicar certos comportamentos inexplicáveis. Mas, agora, vemos em todo o noticiário, que o jovem de origem asiática, de 23 anos, que matou 32 pessoas, com três tiros em cada vítima, na Universidade dos Estados Unidos, também tomava antidepressivos, como se isso pudesse explicar o massacre perpetrado a sangue frio (Migalhas 1.636 – 17/4/07 – "EUA"). Foi isso que aconteceu em Columbine há alguns anos? Estariam aqueles estudantes tomando antidepressivos? E os que puseram fogo no índio que estava dormindo ao relento? E o psiquiatra, que tem acesso a antidepressivos, e abusava sexualmente de seus jovens pacientes? Não sei não. Se é isso o que vem acontecendo, se é esse o efeito dos antidepressivos, é essencial que sejam proibidos, banidos do receituário médico. No final das contas, seria melhor que o estilista tivesse ficado triste em casa e não passasse pelo ridículo de ser preso no cemitério, ou o rabino ter ficado de mau humor e não tivesse sido flagrado promovendo sua coleção de gravatas surrupiadas. E, certamente, melhor seria que o jovem coreano tivesse enjôos e dificuldade de concentração na escola, e não lhe ocorre assassinar 32 pessoas. Mas, banidos os antidepressivos, qual a justificativa legal para a delinqüência desses atos que se sucedem no Brasil e no mundo?" Envie sua Migalha