Latim 16/7/2007 Olavo Príncipe Credidio - OAB nº 56.299/SP "Ao continuar meu dicionário de palavras latinas, que deram origem (advieram) ao português, assim que esbarrei em 'ad', procurei saber a origem do termo 'advogado', mesmo porque tenho encontrado no dia-a-dia, duas frases que me fizeram ficar alerta: advocatus diaboli (advogado do diabo) e advocatus et non latro / res miranda populo (advogado e não ladrão ? Coisa de admirar pelo povo). Perguntei-me: Qual o verdadeiro conceito de advogado. Por que dessas frases ? Quanto à preposição 'ad' diz o Dicionário latino-português do Saraiva que adveio provavelmente do hebraico e indica primitivamente a tendência, direção para um lugar ou objeto e é oposta a 'a' e 'ab'. Quanto às frases, leio no Dicionário excelente de Sentenças Latinas e Gregas, em que ele explica que a expressão 2 é usada satiricamente, que ela advém com referência a Santo Ivo de Kermatin, patrono dos advogados, e que o objetivo era troçar dos bretões (Santo Ivo era bretão). Quanto à primeira frase deriva dos processos de beatificação e canonização da Igreja Católica, onde ao postulator ou advocatus dei, que defende as razões da canonização de alguém, contrapõe-se àquele e que procura todas as minúcias para dificultá-la e é chamado de postulator fidei (postulador de boa-fé, leal) ou advocatus diaboli (advogado do diabo). Atualmente, essa locução – inclusive traduzida nas várias línguas européias – pertence à linguagem comum, indicando a pessoa que defende as posições menos populares e conformistas, ou então aquele que procura objeções às coisas que já foram dadas por aceitas apressadamente. Às vezes também designa pessoa que, nas discussões, procura encontrar e pôr em evidência todas as possíveis objeções. Bem! Fico subjetivamente me classificando em quê, ao averiguar, pelas mensagens no meu livro, sob o título, 'A Justiça Não Só tarda...Mas Também Falha', e em Migalhas, em que mais pareço um dos poucos contestadores, em meio a tantos advogados conformistas, que aceitam sentenças sem discutir, citações de juristas, sem averiguação do curriculum vitae deles etc., etc. Se os fizessem ficariam pasmos. Tenho convicção de que minhas contestações devem-se a ser realmente um 'postulator fidei or advocatus diaboli', pois procuro exprobrar injustiças, a favor da Justiça que, para mim, tem de ser a expressão máxima da moral e ética. Desde que me formei advogado, há 26 anos, deliberei opor-me a tudo aquilo que, embora parecendo verdade, fosse realmente fictício, por exemplo, interpretações de juristas, juízes, desembargadores e ministros que ocupavam ou ocupam posições a que não fariam jus, se realmente fossem submetidos a injunções normais, tais como concursos públicos etc. Quase sempre muitos chegaram ou chegam às posições que ocupam ou ocuparam, por questões políticas, e a política não pode produzir Justiça na acepção da palavra, se houver junto a ela interesses escusos, ou que visem protegê-los, ou que visem facilitar-lhes o trabalho, como vemos em muitas leis, sem sentido, até inconstitucionais. Esse para mim é o dever do advogado. Não se conformar se as sentenças, ou os acórdãos aviltarem o verdadeiro sentido da Justiça, não se baseando no evento em si. Em meu livro eu disponho de duas frases latinas que bem espelham meus sentimentos: 'Judicialibus sententiis oboedire debes, non auter semper assentire. Errare humanum ext, etiam judices errant' (As sentenças deveis obedecer, não porém sempre concordar. Errar é humano e os juízes também erram); e uma expressão de Sólon ou Anacarsis, sábios de mais de 500 anos antes de Cristo: 'Lex est araneae tela, quia si in eam inciderit quid debile, retinetur; grave autem pertransit tela recissa et fugit'. (A lei é tal teia de aranha, se nela cai algo leve, retém, se pesado, rompe a tela e foge)." Envie sua Migalha