O retorno do migalheiro

12/4/2004
Adauto Suannes, desembargador aposentado

Deu no Migalhas: "Antes de entrar com uma ação você tenta um acordo amigável? Você pode estar errando, não estrategicamente, mas gramaticalmente." (899)

"Eu, de mim, que aprendo português ouvindo jogos de futebol, penso que alguns de nossos legisladores são meus colegas de escola. Como o legislador constituinte de 1967, que dizia ser competente o STF para conhecer de pedido de habeas corpus "quando o coator ou paciente for Tribunal" (art 114, I, h), sem que jamais se visse um Tribunal estar ameaçado no direito de ir, vir e ficar. Muitos desses legisladores devem falar, além de "pudêr" e coisas que tais, em Coríntia e Palmeira, tal como o professor Roberto Rivellino, que adota a língua inglesa como modelo de flexibilização do número das palavras. Ou outros mestres que dizem que o atacante estava com-ple-ta-men-te impedido, o que é importante destacar, pois se o atacante estiver apenas par-ci-al-men-te impedido o gol talvez seja meio válido. Também tenho algumas noções éticas aprendidas na mesma escola, como a daquele comentarista que dava nota depois da partida a cada jogador. E sapecou esta: ao jogador fulano, dou nota zero, pois ele foi expulso de campo e para todo jogador expulso minha nota é zero. E ressalvava, judicioso: "verdade que a expulsão foi injusta, mas o meu princípio é esse!" E isso para não falar naqueles (a maioria) que jamais dizem que o jogo teve "alternâncias", preferindo dizer que o jogo teve "alternativas". Ou aquele outro que, diante de um conflito que havia ocorrido na semana durante o treino da equipe, elogiou a conduta do treinador, que havia acalmado o ânimo dos seus comandados. "O técnico fulano conseguiu apascentar o plantel". Cuidando-se de plantel, nada como levá-lo para apascentar. E pimba na chulipa!"

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