Receitas de felicidade

20/8/2007
Romeu A. L. Prisco

"Receitas de felicidade. Todos os dias pela manhã, quando abro as minhas mensagens, encontro uma boa quantidade daquelas enviadas por pessoas bem intencionadas, propondo-me receitas e fórmulas para ser feliz. Já experimentei várias delas, sem sucesso, até que desisti. Para falar a verdade, atualmente, chego a ser intolerante com a ingenuidade dos seus autores e com o trabalho que me dão para excluí-las. Perceberam? Ao confessar-me intolerante, com um fato tão banal, descartei um dos ingredientes das indigitadas receitas. Destarte, no fim do dia, não posso ter sido feliz. Ainda para falar a verdade, nem sei se quero ser feliz, abrindo mão da intolerância e de outras reações mais fortes e menos nobres, diante de outros fatos não tão banais e mais graves. Assistindo e participando de tudo que se passa no Brasil e no resto do mundo, como fome, desemprego, corrupção, violência, falsas promessas, guerras imotivadas, mentiras deslavadas, que arrasam países, dividem populações e as separam dentro dos seus próprios territórios, sobreposição de interesses escusos dos mais fortes aos legítimos interesses dos mais fracos, governos liderados por terroristas legalmente constituídos, terroristas sem Leis e sem governos, não há, para mim, receita de felicidade que dê certo. Por isso, se alguém conseguir manter-se tolerante e compreensivo, perdoar e amar, não sentir nem um pingo de raiva e de ódio, não alimentar nenhum sentimento de vingança e inveja, achar que tudo pode se resolver pelo voto nas próximas eleições, ou pelas preces, então, esse alguém, mais do que feliz, é um santo. Aliás, mais do que santo, é Deus, cujo Filho, ainda que por um breve momento, também deixou de lado a receita da felicidade, ao expulsar os vendilhões do templo."

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