Júlio César de Mello e Souza 20/8/2007 Romeu A. L. Prisco "Preito a um grande escritor. Esta pública homenagem vai justamente para quem, antes de morrer, expressou o desejo de ser enterrado num caixão de terceira categoria, sem flores e sem solenidades fúnebres. Refiro-me ao Professor Júlio César de Mello e Souza, cujo pseudônimo literário era Malba Tahan. Nascido no Rio de Janeiro, em 6/5/1895, filho de uma família pobre e numerosa, faleceu em 18/6/1974, no Recife. Desde cedo revelou, precocemente, sua enorme habilidade para escrever. Aluno do Colégio Dom Pedro II, na sua cidade natal, ainda no primeiro grau, já vendia seus textos para os colegas mais preguiçosos, ou menos capacitados. Formou-se em engenharia civil, mas, dava preferência ao exercício do magistério. Adotou do árabe o pseudônimo Malba Tahan, como foi e queria ser mais conhecido, chegando até a criar uma autobiografia para justificar este nome, que por extenso era: Ali Iezid Izz-Edim Ibn Salim Kank Malba Tahan. Contador e autor de inúmeras lendas e histórias árabes, também ditas do deserto, escritas, pasmem, sem jamais ter ido ao Oriente Médio. Deixou uma invejável coletânea de obras e foi, durante muito tempo, um dos autores mais editados e vendidos do Brasil. Malba Tahan estava, para os contos orientais, como Conan Doyle a Agatha Christie estiveram, para os contos policiais. Entre os seus grandes admiradores, se incluía outro notável escritor brasileiro, de histórias infanto-juvenis, Monteiro Lobato. Que Malba Tahan, fosse pela sua própria modéstia, fosse por outros motivos, nunca tenha chegado à Academia Brasileira de Letras, até se compreende. O que não se compreende é a omissão do seu nome em algumas antologias de textos literários. Todavia, nem por isso ele deixou de ser um dos mais lidos. Dez anos após a sua morte, isto é, em 1984, suas obras foram reeditadas e vendidas com sucesso. Hoje em dia ainda é possível encontrá-las nos bons 'sebos'. Mesmo para quem, como eu, nunca teve afinidade com os números, se encanta com a sua obra-prima, intitulada 'O homem que calculava'. Nela, Malba Tahan surpreendeu pela sua incrível facilidade de lidar com os números, de montar quebra-cabeças e jogos, apresentando soluções inesperadas e absolutamente convincentes. Meus filhos não leram 'O homem que calculava', porém, já ouviram falar da aventura dos 35 camelos, que deviam ser repartidos por três árabes, com o principal personagem efetuando uma divisão, que parecia impossível, mas, que contentou plenamente os três querelantes. Esta lenda passou e passa, de geração para geração, nos ambientes de boas escolas. Entre outras obras suas, estão ‘Maktub’ (estava escrito), 'Mil histórias sem fim' (dois volumes) e 'Lendas do céu e da terra'. Quem quiser e gostar de textos leves, descontraídos, curiosos e instrutivos, escritos em português impecável, não deixe de ler Malba Tahan. Clique aqui e fique sabendo mais sobre esse gênio. 'Salã Aleikum'!" Envie sua Migalha