Artigo - Prazos de validade

6/9/2007
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Edson Vidigal, em Migalhas de peso (Migalhas 1.733 – 5/9/07 – "Vencido" – clique aqui), tratou dos políticos com prazo de validade expirado, seja por idéias ultrapassadas, seja pela falta de energia cívica, seja pela leniência com os desmandos, pelo 'aconluiamento' com aqueles que em troca de 'sabujices bajulatórias' tiram gordos proveitos de suas complacentes vaidades. Muitos políticos, dizia ele, estão mais estragados do que dobradiças enferrujadas e deveriam ser deletados da vida pública, como um serviço prestado à pátria, um tributo à democracia. Outros, pensei, por já terem, por demasiado tempo exercido a condição de 'chatos'. 'Chato', no entender de Guilherme Figueiredo, no seu 'Tratado Geral dos Chatos', é o

'indivíduo, ser, coisa ou evento cuja presença, existência, atitude, ação ou lembrança, continuadamente, tem a capacidade de inspirar sentimentos contrários à alegria de viver, à paz de espírito e à Paz Mundial. Por outras palavras: Chato é quem nos despacha de Eros para Tânatos'.

É nisso que se transformou o caso Renan Calheiros, um assunto chato que ninguém agüenta mais. E também o seu protagonista principal, o primeiro senador, que ao aparecer, a cada dia desses cem demorados dias, nos noticiários das televisões, agarrado à Presidência do Senado e ao mandato que lhe escorre das mãos, tornou-se cada vez mais chato aos telespectadores, que dúvidas não tem sobre qual deve ser, afinal, o seu destino. Dúvidas só existem sobre a ética e a condição moral dos demais senadores. Aliás, a foto da capa do Estadão de hoje (clique aqui) é emblemática, com Sarney, mais um que se enquadra não só na classificação de Guilherme Figueiredo, mas também no artigo de Edson Vidigal, em pose de verdadeiro exorcismo do quase ex-presidente do Senado, posição que, docemente constrangido, prepara-se para, relutantemente, aceitar. Na verdade, volta-se sempre à discussão do 'recall' político, ou seja, à possibilidade de poder reavaliar (cassar ou revogar) o mandato de qualquer representante político, pelo eleitorado, seja por corrupção, seja por incompetência, seja por inoperância. A idéia, todavia, não é bem vista pelos políticos em geral, que alegam já existir o 'impeachment'. Mas, acontece que 'Impeachment' e 'Recall' são coisas diferentes, já que no primeiro a revogação do mandato é feita pelos próprios parlamentares, enquanto no 'Recall' seria pelos eleitores, sem a possibilidade de acordos internos como os que se desenham no caso que assistimos da presidência do Senado e do próprio presidente da casa. Merece aplauso, pois, o comentário, a migalha de peso de Edson Vidigal, quanto aos políticos com prazo de validade vencido, com o aditamento da condição do requisito trazido pelo conhecimento de Guilherme Figueiredo, porque também devem ser afastados os que inspiram sentimentos contrários à alegria de viver, à paz de espírito e à Paz Mundial."

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