Renan Calheiros

12/9/2007
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Sala trancada, celulares proibidos, laptops proibidos, quem está fora não entra, quem está dentro não sai - como em briga de gafieira - imprensa, então, nem pensar. Microfones serão desligados. Ninguém fala com ninguém. Silêncio absoluto. Tudo já foi dito, tudo já foi negociado. É a Omertá, palavra de origem italiana, derivada de umiltá, que significa 'conspiração', um consenso que implica em jamais colaborar com as autoridades. No caso da máfia, com a polícia. A máfia, ou 'ndrangheta', ou camorra, ou cosa nostra, instituiram entre seus membros o 'voto do silêncio', cuja punição era, não raro, a morte. A organização criminosa, que se originou na Idade Média na Itália, ao que parece, fez história, já que suas regras estão presentes, até hoje, inclusive nas votações no Senado brasileiro. A coisa se espalhou pelo mundo, para a Cosa Nostra americana, a Yakuza no Japão, a Organizatsya na Rússia, a Triade na China e, agora, vemos que, também no Brasil, certos rituais são, ainda, utilizados, como nas sessões secretas do Senado (Migalhas 1.737 – 12/9/07 – "Conselheiro"). Lá, os 'homens de honra' se reunirão, a portas fechadas, com os seguranças de fora, sem gravadores - varreduras já foram feitas à exaustão -, sem testemunhas ou 'olheiros'. Será que os dedos dos iniciados serão furados e um pingo de sangue será pingado sobre a imagem de uma santa? Será que cada um terá que agüentar a dor de pingos de vela sobre a palma da mão e suportá-la até que a vela se queime por completo, jurando solenemente: Que minha carne se queime se eu falhar em meu juramento? Para a sessão secreta do Senado, seria bom que os participantes comparecessem encapuzados, de mantos pretos e mascarados, e que a sessão se desse às escuras, e que os votos fossem por bolas, pretas ou brancas, tão somente. E que cada um, ao final, saísse sem dizer nenhuma palavra, ou seja, entrasse quieto e saísse calado. E, no caso de traição do 'voto de silêncio', da sagrada 'Omertá', que um dia o traidor, passando pelo 'túnel do tempo' do Congresso fosse abordado pelo presidente da casa, devidamente absolvido por esse meio secreto de escrutínio, e recebesse dele um beijo na face esquerda, o 'beijo da morte', outro ritual da cosa nostra, para ser, logo após, devidamente 'apagado' por um matador de aluguel. E ninguém teria visto nada. Nem Lula, que estaria, no momento, de passagem pelo local."

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