Interpretação de textos

"Muitas vezes penso que deveria ter dado outro destino à minha vida. Quando fiz o curso de letras, na PUC, só havia letras clássicas e vi-me obrigado a estudar também grego clássico, o que (diga-se de passagem) não dá proveito econômico, a não ser cultural. Hoje eu preferiria ter estudado língua inglesa. Um de meus netos estudou e dá aulas de inglês, sobrevivendo disso. Grego? Primeiro era grego clássico e hoje mudou até  a pronúncia. Certa vez, conversando com um  grego eu lhe disse isso e ele disse-me que eu estava enganado, que era a mesma coisa. Eu então pedi-lhe, escrevendo ß? (beta + theta) pronunciasse e ele disse-me Viiii, em alto e  bom tom! É, eu falei, os carneiros em vez de béée, diziam viii, nos tempos de Homero. A pronúncia mudou totalmente. Bem. Posso ter-me arrependido em termos econômicos porque dificilmente hoje há quem queira aprender latim e grego. Latim foi extinto pelos militares em 1968, assim como foi a Filosofia. Dizem (à boca pequena) que era para o povo desaprender de raciocinar. Anos depois de formado em Letras clássicas, fui fazer Direito. Quanto ao Direito, hoje não me arrependo de ter feito Letras clássicas. Como bem disse o autor de Gramática latina, o Prof. Napoleão Mendes de Almeida, um latinista, o aprendizado de línguas clássicas, tal como latim, obrigam a raciocinar. Logo, tenho essa vantagem ao analisar textos e constato com tristeza que há muitas falhas nisso; e o mais lamentável data venia deve-se aos senhores Juízes quando de interpretação de textos legais, por isso venho sugerindo que em Faculdades de Direito o curso de língua portuguesa seja estendido por cinco anos, com análise e interpretação de textos, adicionando o latim e psicologia, que tive somente 1 ano com o excelente Professor Enzo Azzi, na PUC. Matérias imprescindíveis para ser um bom juiz. Sugiro até que quem queira abraçar a carreira de juiz, nas Faculdades, seja obrigado a isso, paralelamente às matérias de Direito. Atenciosamente"