Governo Lula

"É um caso típico de 'novilingua', idioma oficial no megabloco da Oceania, segundo o livro 1984, de George Orwell, a fala de Lula, quando nega que o PT tenha pedido cargos e diz que não barganha votações. No romance de Orwell, o objetivo do novo idioma era, justamente, reduzir o vocabulário ao extremo, para dirimir a capacidade do pensamento, de modo que o duplipensar ficasse mais fácil de ser absorvido. Duplipensar era a capacidade de guardar, simultaneamente, na cabeça, duas crenças. No romance, o partido, o único partido, tinha suas diretrizes (guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força) e cada um desses lemas poderia ser usado em sentido oposto, dependendo do seu uso. Para Lula, certo é errado, verdade é mentira, na sua 'novilingua', no seu modo de duplipensar. Todos, sem exceção, assistiram à vergonhosa e escrachada barganha de cargos levada a efeito nos últimos dias para a aprovação da CPMF. Os jornais noticiavam em manchetes garrafais a abertura das torneiras do erário: verbas saíram para todos os lados, emendas foram aprovadas, deputados foram cooptados e mudaram de partido, a fidelidade partidária foi para a cucuia, cargos foram distribuídos como camisetas em dia de comício, partidos reclamavam posições até através da televisão. E hoje, nada disso aconteceu. Lula, como o partido do livro de Orwell, pretende o controle da realidade, controlando o presente e o passado e, dessa forma, o futuro. Todos nós temos de duplipensar. Verdade é mentira. O que aconteceu, na verdade, não aconteceu. Como afirmou Lula: 'Primeiro, o PMDB não pediu nada'. Depois, afirmou o presidente: 'Eu não barganho assim'. É isso aí. E você, amigo migalheiro, queira fazer o favor de recolher os jornais e revistas que porventura tenha indevidamente guardado com notícias absolutamente inverídicas e queimá-los, para que prevaleça a verdade, a única, a de hoje. E amanhã ? Ora, amanhã é outro dia."