Circus

2/10/2007
Eldo Dias de Meira – Carazinho/RS

"Caro Dr. Adauto (Circus 59 – 28/9/07 – clique aqui). Esses estelionatários, na realidade são grandes humoristas. Aqui na nossa pequena Carazinho, quando iniciei na advocacia questão de uns trinta anos, conheci uma grei desses indivíduos que faziam escola nessa atividade. Praticavam golpes os mais variados. Certa feita, um foi na fronteira com o Uruguai e lá arrendou uma fazenda que em seguida colocou à venda num jornal de grande circulação, por preço de barbada. Não levou muito tempo e surgiu um comprador, o qual após as apresentações de praxe, com churrasco de chibo na brasa, aperitivos e bebida à vontade, chegou se às tratativas do negócio. Só que o comprador não tinha todo o dinheiro para pagar o preço pedido, e, o espertalhão dizia que vendia barato para o primeiro que pagasse à vista. Até que chegou ao ponto, e largou essa: - Sabe que eu simpatizei com o senhor e quando eu simpatizo, fico amigo e sendo assim, eu aceito um pequeno sinal de negócio no valor de 10% da fazenda e fico aguardando para finalizarmos o negócio daqui a mais um tempo, 60 dias se fica bom assim pra o senhor arranjar o dinheiro, já que agora somos amigos. Ora! O incauto comprador, louco para ficar com a fazenda, visto o preço quase irrisório, mordeu a isca e passou para as mãos do espertalhão o montante dos 10%. Mais tarde o comprador descobriu quem era o verdadeiro dono da fazenda, que andava a procura de um arrendatário que se escafedera. Outro golpe que ficou famoso e até foi motivo de um estigma à querida Carazinho e muita chacota, foi praticado por uns larápios provindos do município lindeiro, Passo Fundo (terra de gaúcho forte, que não dobra esquina quando vê o perigo, passa reto), que surgiram em Carazinho comprando cães pela cidade e interior. O verdadeiro motivo da compra era passar umas notas de papel-moeda falsas, recebendo de troco notas verdadeiras devido a diferença de valor de cada cão. Depois que encheram um caminhão de caninos, os larápios os largaram na saída da cidade para que voltassem a seus lares. Os vira-latas ficaram perambulando até encontrarem suas casas. Desse fato, sobrou para Carazinho ser chamada pelos Passo fundenses, em tom de gozação, de Povinho dos Cachorros, e até passamos vexame, pois quando estudantes de Direito, se caíssemos na esparrela de chegarmos atrasados na sala de aula, nossos colegas de Passo Fundo, não perdiam a ocasião, e passavam a dar latidos, uns até arremetiam longos acooos, que faziam ecos. O dr. Vicente Marcondes que trabalha comigo, bem se lembra desse fato, já que estudou na mesma faculdade, lá em Passo Fundo, quando ainda não havia campus universitário aqui em Carazinho e tínhamos que nos deslocar até lá para o curso de Direito. Mas buenas. Esses fatos são parte de um rosário que guardamos no pensamento. Causos reais. Obrigado Dr. Adauto Suannes, por nos ter refrescado a memória com sua crônica."

Envie sua Migalha