Lei da Homofobia 4/10/2007 Dávio Antonio Prado Zarzana Júnior "Parece que o migalheiro Paulo Iotti gosta de dizer, tanto a mim quanto ao Wilson Silveira, e a todos os demais, a seguinte frase: 'vocês nunca refutaram meus argumentos etc.'. Refutamos, um a um. Se o nobre colega aceitou, isso são outros quinhentos. O debate não tem como centro de discussão o que pensa o migalheiro Paulo Roberto Iotti Vecchiatti. O debate tem por objetivo alertar todos os migalheiros sobre a gravidade de um PLC deficiente tecnicamente e carregado de dubiedade. Há um autor que disse que, em nossa sociedade na qual se faz verdadeira veneração ao 'pensamento positivo', há pessoas que pensam em alterar a verdade simplesmente pensando de acordo com sua conveniência íntima, como se a 'veritas' dependesse da opinião (quid es veritas, o clássico questionamento que encontrou sábios e tolos fornecendo 'respostas'). Uma parte desse 'mantra' de pensamento positivo é a expressão 'fatores bio-psico-sociais'. Então, imaginem um indiano fazendo mmmmmmmmmmmmmmmmmmm (aqueles mantras característicos) e troquem o mmmmmmmmmmmmmm pelos 'fatores bio', 'fatores bio', 'fatores bio'. É muito triste. A ciência médica já declarou que não existem genes gays. Apenas para citar um exemplo, a Universidade de Illinois (USA), analisando o genoma humano, fez esta pesquisa, que foi publicada no jornal 'Human Genetics', pela equipe chefiada pelo Dr. Brian Mustanski, confirmando a inexistência do 'gene gay'. De outro lado, o próprio site 'mixbrasil' afirma que 'nenhum cientista sério acredita que haja um 'gene gay' que determine ou cause a preferência sexual... A revista Veja, em edição de janeiro de 2004, já havia desmascarado a 'descoberta' de Dean Hamer: 'Em 1993, o geneticista americano Dean Hamer surpreendeu o mundo científico ao anunciar a descoberta de uma região do cromossomo X, chamada Xq28, herdado das mães, que abrigaria um gene relacionado à orientação sexual. Esse seria o elemento que faltava para sustentar a teoria de que a homossexualidade seria genética. Colou por algum tempo, mas a doutrina não sobreviveu a um exame de sangue. Seis anos depois, um grupo de especialistas canadenses examinou o sangue de 53 pares de irmãos, treze pares a mais do que os pesquisados por Hamer, e concluiu ser impossível sustentar tal afirmação. Na mesma época, outro estudo ficou famoso. O do neurocientista inglês Simon LeVay, que procurava pistas da homossexualidade no cérebro. Ele examinou o hipotálamo de vários homens e mulheres e constatou que o dos gays tinha tamanho diferente. Os resultados foram logo contestados. LeVay dissecou o cérebro de algumas pessoas mortas pela Aids, o que não quer dizer que fossem homossexuais – já que há outros grupos de risco expostos à doença. Desde então, o que se sabe sobre a predisposição de alguns indivíduos a ser atraídos por alguém do mesmo sexo continua bem mais obscuro do que aquilo que se conhece no campo da heterossexualidade. É improvável, contudo, que exista um gene que, por si só, determine a orientação sexual ou outros comportamentos humanos. É mais plausível que os fatores genéticos tenham uma participação apenas indireta, relacionando-se a traços comportamentais e influências externas, de caráter psicossocial, no desenvolvimento tanto da sexualidade quanto de outras formas de expressão das pessoas. Falar sobre o gene gay hoje é o mesmo que defender a predisposição humana ao crime, à capacidade de persuasão ou ao gosto artístico. Movimentos gays defendem que a procura de uma causa orgânica ou genética serviria só para justificar a insistência de alguns setores em achar uma possível "cura" para a homossexualidade'. Então, ficamos no paradoxo, novamente: se algo é normal, não precisa de cura. Então, porque o medo de se fazer a pesquisa até o fim? Novamente a questão moral e religiosa entra em cena, questão estranhamente deixada de lado em alguns setores em que esse debate é proposto. E outra: eu não disse que 'homossexuais não prejudicam ninguém', foi outro migalheiro. O que também não altera o sentido da gravidade do PLC em si. Realmente, o que o trecho que o nobre colega Wilson Silveira trouxe, o link - não sei se os migalheiros leram - sobre as palavras do sr. Mott, derruba qualquer pretensão de que o PLC tenha motivações exclusivamente 'puras'. Na seqüência: 'orientação sexual se define pelo sexo da pessoa pela qual você ama'. Não sei se o migalheiro atinou para o tamanho do absurdo que, provavelmente por impulso de responder, chegou a externar. Creio que é comum e normal que a maioria de nós ame nossos pais, e isso não nos torna bissexuais. O que leva novamente à questão do amor, palavra destruída pelo PLC em debate, reduzida à 'atração físico-corpórea para satisfação do prazer pessoal'. Até agora o migalheiro Paulo Iotti não mencionou o Relatório Kissinger - é chato repetir, mas ele continua se abstendo - e também os estudos de Carl Jung sobre a psique humana e a sexualidade - outra omissão nesse ponto. Não há relação nenhuma entre o preconceito por cor de pele, e o racismo - coisas execráveis - e o preconceito aos homossexuais, pois se todo preconceito é errado, e pior ainda é a discriminação, também em grau ainda piorado está a defesa de uma minoria em sacrifício da verdade, da moral, dos bons costumes e da fé religiosa de centenas de milhões de pessoas. O que os indutores do movimento gay (veja - há uma diferença entre ativistas gays perfeitamente honestos no que crêem, e os chamados 'indutores' - os que estão na surdina, aguardando resultados bem diversos da simples 'aprovação de PLCs') não dizem é que a máxima expressão do amor de um homem e de uma mulher casa-se com o ato procriativo, se nele estiver o amor verdadeiro. Amor verdadeiro + procriação = o milagre de uma nova vida (coisa que a relação homoafetiva priva a seus parceiros). A propósito, qual o ensinamento oficial da Igreja Católica a respeito? Está no Catecismo, no capítulo sobre Castidade e Homossexualidade: 'A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres que sentem atração por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que 'os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados'. São contrários à Lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados. Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. [...]'. A psiquiatria trata também da relação mente e corpo, e também daí a expressão 'bio'. Mas quando cientistas cedem a pressões de movimentos para desvirtuar a verdade, passamos do 'bio' para 'latro', o roubo da verdade, com a violência exercida por aquelas mesmas pressões. Eu não sei se o migalheiro Paulo sabe, mas se o Supremo Tribunal Federal, o Governo Brasileiro, a ONU, e qualquer outra instância superior política ou estatal, emitir amanhã um parecer dizendo que a lua não existe, sendo apenas uma projeção mundial do pensamento romântico coletivo, a autoridade dessa afirmação estará obviamente e implicitamente revogada. É como se não tivesse dito nada. Pois quando se diz algo alterando a verdade, pode até conduzir para a paz como 'ausência de conflito', mas não conduzirá à paz 'diante de Deus e dos fatos'. A realidade jurídica debate esse tema há séculos, e vemos inclusive esse tema em sala de aula, quando discorremos sobre 'verdade nos autos' e 'verdade real'. Não me consta que o Supremo Tribunal Federal tenha dito que preconceito homossexual e racismo sejam a mesmíssima coisa. Se disse, data maxima venia, cometeu um erro conceitual crasso. Espero que, pelo menos dessa vez, não tenha sido por pressão externa, como a ONU sofreu sistematicamente. Se não se criam verdades universais a partir de casos particulares, como disse o migalheiro Paulo Iotti, então o PLC, novamente, é completamente desnecessário, pois a 'minoria' já está protegida pelos artigos de Lei que atacam o homicídio, a demissão injustificada, os crimes contra a honra etc. O caso do Clodovil não é irrelevante não, é emblemático, e tal deputado foi inclusive, inicialmente, tido como esperança do movimento gay (que mudou de opinião logo depois). Não há, no link mencionado pelo Paulo Iotti, a descrição pormenorizada das chamadas 'tentativas de cura' - novamente ficamos no vazio. Foi levantada a questão de se 'interpretar literalmente a Bíblia'. Aqui, entramos num terreno de desconhecimento bem geral, não apenas de meu colega debatedor. A palavra 'fundamentalismo' não é tão antiga, foi criada inicialmente com o significado 'interpretar a Bíblia ao pé da letra', migrando depois para o significado político 'terrorismo'. Quem odeia ou tem preconceitos contra essa ou aquela Igreja (o que até pode ser chamado de eclesiofobia, se preferirem), por não desejar que os aspectos morais se relacionem à sexualidade, gosta de trazer à palavra 'fundamentalismo' o sentido mais pejorativo possível. No entanto, a par das discussões estéreis, há uma mensagem central na Bíblia: Deus é Amor. Essa passagem é literal. Nunca irá ser interpretada de outra maneira. Os próprios movimentos gays, em todas as suas publicações sobre Deus, relacionam Deus ao Amor. Estariam sendo os gays, nesse sentido, 'fundamentalistas'? Porque, se a palavra 'fundamentalista' tiver de ser utilizada com rigor técnico, então todos, héteros ou homos, são fundamentalistas, quando acreditam que Deus é Amor. E de fato O É, como creio, e como acredito que todos os migalheiros crêem. Fica muito fácil criticar a Igreja quando convém, mas quando o debate é aprofundado... A Igreja não estimula a intolerância - vide o Catecismo supra citado. Se pessoas da Igreja cometeram erros - é um argumento histórico - as palavras de Jesus sempre foram 'Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo'. Não apenas as pessoas 'fundamentalistas' serão punidas pelo PLC; os 'gayzistas' (na expressão de Olavo de Carvalho) também o serão, toda vez que caluniarem, difamarem ou injuriarem religiosos ou pessoas que crêem em Deus. O PLC é pior: ataca a liberdade de pensamento a partir de provas científicas. Se as perseguições religiosas levam você a dizer 'Idade das Trevas', o que Calígula e Mao Tse Tung fizeram não deveria levá-lo, igualmente, a dizer 'Comportamentos das Trevas', quando mandaram matar milhões de pessoas, no seu conjunto? Veja - não há orientação sexual. O migalheiro Paulo Iotti faz inúmeras confusões conceituais, mas na verdade não tem culpa nenhuma disso. Ele não é a mola propulsora da eugenia (Google, moçada). Pelo amor de Deus, não existe, por exemplo, raça protestante ou fé gay. Não misturemos alhos com bugalhos. O fim do PLC não é combater a discriminação homofóbica, repito: é uma armadilha - ainda que ingenuamente não percebida por seus criadores legislativos - para tentar destruir a médio prazo um dos pilares da família brasileira: a fé. Se for atacado o maior país católico do mundo, e minado a sua fé tradicional, estará aberta a porta para a institucionalização da imoralidade em toda a América do Sul, o que nem o PLC, nem os movimentos de pressão talvez quisessem, mas que certamente ocorreria (se o PLC fosse aprovado, pois creio que não será). Como o migalheiro Paulo Iotti provavelmente desconhece o conceito de pecado, esclareço: a desobediência é as Leis de Deus, mas você também pode invocar, aí, as leis naturais, e não somente a lex aeterna ou a lex divina. A Lei do Amor, quando é interpretada de modo a relegar o ato procriativo a um apêndice, dentre as pessoas que não optaram conscientemente em viver uma vida casta por diversas razões, se traduz em um reducionismo da máxima expressão do Amor, que ocorre entre um homem e uma mulher. Amor não é o mesmo que atração. O amor pressupõe doação, renúncia, autocontrole. Virtudes que devem ser buscadas por todas as pessoas, de qualquer sexo, masculino ou feminino. Em resumo: o migalheiro Paulo utiliza falácias, para depois dizer que os outros utilizam falácias (é um contraponto interessante). Que o digam os 'links' elaborados não por profissionais imparciais, mas por movimentos que, quanto à lex aeterna e a lex divina, precisariam revisitar São Tomás de Aquino. Homofobia é a primeira palavra da Novilíngua. George Orwell se remexe no túmulo." Envie sua Migalha