Lei da Homofobia 9/10/2007 Rita de Cássia Felix Silveira - advogada e jornalista "Migalheiro Vecchiatti, para quem reclama que seus argumentos jamais são respondidos, o colega apresenta enorme dificuldade em entender os argumentos que pelos outros são apresentados. Quanto aos meus, pura e simplesmente os refuta, de maneira geral e depreciativa, dizendo-os puramente religiosos. Não, não são. A questão religiosa está incluída no debate, desde o início, de vez que, sendo certo que praticamente todas as religiões profligam o homossexualismo, e algumas até pregam soluções de reversão para o que consideram uma opção errada (não obstante a discordância do colega) serão elas diretamente atingidas pelo Projeto de Lei em discussão, se o ele vingar. E, pelo que me lembro, não se eximiu o colega de discutir, veementemente, interpretação de textos bíblicos, como se expert no assunto fosse, o que de fato não é, na minha opinião. Agora, ao comparar o chamado Hopi Gay, ou Gay Day, ao Carnaval, realmente, o colega extrapolou. Não sei se o migalheiro participou, ou se lá estava, ou com que autoridade fala, se de ouvir falar, ou só pelo prazer de me contradizer, como noto que faz, compulsivamente, com relação a esse assunto, com os demais migalheiros, como uma verdadeira metralhadora giratória, repetindo sempre os mesmos e surrados argumentos, incansavelmente. Mas, a verdade, é que eu estava lá, passei pela dolorosa experiência, e não era carnaval, e o que assisti não se assiste no carnaval. Não no carnaval de rua, não no carnaval dos clubes, não no carnaval que é freqüentado, normalmente, pelas famílias, pelos jovens, pelos namorados, pelas crianças, pelos casais, pelas mães e pais, pelo povo em geral. Mas pelo carnaval que é objeto de vídeos vendidos sorrateiramente pelos camelôs, às escondidas, ou colocados à venda entre os vídeos pornôs de vídeos clubes (jamais no BlockBuster, que não comercializa tais produtos), ou em revistas lacradas em certas bancas de jornais, ou seja, pura pornografia, como acontece, por exemplo, nos bailes de carnaval tipo gala gay, vermelho e preto etc.... E, caro migalheiro, trata-se de um parque infantil, para a criançada, em um dia normal, sem aviso prévio, em que até os funcionários do parque, constrangidos, se prontificavam a devolver os ingressos, face ao que estava por se desenrolar ali. Carnaval? Ora, caro migalheiro, tenha a santa paciência. Como o migalheiro gosta de dizer e repetir, não duvide da inteligência dos que o lêem. Realmente o que se viu no parque foi o Festival da Carne (Carnevale), do mais baixo nível, e não estou falando de nenhuma churrascaria... Aliás, prezado migalheiro, sua argumentação é, mesmo, deveras curiosa. Notei, por exemplo, quando contestou o migalheiro Romeu A. L. Prisco, que relatou casos de assédio sofrido por homossexuais, como vítima, a criação do conceito dos homossexuais 'sem noção'. Mais uma subdivisão, mais uma categoria nessa imensa identidade de gênero. Agora temos os homossexuais 'com noção' e os 'sem noção'. Talvez o PLC 122/2006 deva conter uma ressalva, deixando de lado os 'sem noção'. Isso existe? Ou é uma categoria criada pelo colega para justificar atitudes que, ao público, parece ser a tônica, como a que relatei, do Hopi Gay, por exemplo. Ou vamos falar da Parada Gay? Outro carnaval? Uma marcha dos 'sem noção'? Ou os 'com noção' aderiram? Pergunto, porque o colega, em outros comentários pareceu furioso com a insinuação de que os homossexuais seriam promíscuos, de pronto replicando que os heterossexuais também são (uma fixação comparativa do colega), como quem diz: sou, mas quem não é, daquele personagem do Chico Anysio. Então, devo recordar que na tal parada Gay, dita com 3 milhões de participantes (2 milhões, segundo o 'site' Armário X), foram distribuídas 1,5 milhões de camisinhas. Ora, uma parada é uma parada. Ela começa, as pessoas marcham e dispersam, e vão para as suas casas. Há centenas de movimentos, marchas e outras manifestações na Paulista e em outras avenidas, anualmente, em nossa cidade. Em nenhuma outra há necessidade da distribuição de camisinhas. Com relação a nenhuma outra comunidade, há necessidade de prevenir o que seus participantes vão fazer depois da parada, ou marcha. Em nenhuma outra manifestação, o governo precisa distribuir uma cartilha explicando como usar drogas, onde aplicar, porque não compartilhar seringas, em que parte do corpo não deve ser injetada etc., etc. Tudo isso porque há nessa comunidade imensa e incontrolável promiscuidade. Ou o colega tem alguma outra incrível e absurda explicação para a distribuição da cartilha, dos preservativos e dos kits para a aplicação de drogas? Talvez o colega também tenha alguma explicação para o fato de que exatamente essa comunidade é considerada um grupo de risco? E já ocorreu ao colega que, por exemplo, misturando, como propositadamente faz o colega, religião com o tema em discussão, que 3 dias antes da Parada Gay, ocorreu a Marcha para Jesus, dos Evangélicos, com comprovadamente 3 milhões de participantes, na qual não houve distribuição de camisinhas, nem cartilhas com instruções acerca do uso de preservativos ou sobre o uso de drogas e dos equipamentos para aplicá-las. E por que não deveriam os cristãos que Marcharam para Jesus, cidadãos que são, receber as mesmas atenções do Estado? Simplesmente porque marcharam por um propósito estabelecido e não com a intenção de se drogarem ou arrumarem novas aventuras e parceiros sexuais como é amplamente divulgado na imprensa escrita e falada na Parada Gay. Tal atitude da Prefeitura de São Paulo cercando a tal Parada Gay com tantos cuidados, tendo inclusive apoio Federal e Estadual, faz cair por terra caro migalheiro, sua tese de que os héteros são tão ou mais promíscuos que os gays... É que a diferença, a única diferença é o item promiscuidade. Os governantes sabem que o Cristianismo prega a fidelidade, a monogamia, a heterossexualidade, a moral, os bons costumes, não sendo necessário nenhum aparato preventivo de ordem profilática nas demais manifestações públicas religiosas ou não, ocorridas em nosso País. Se a Aids não é uma doença que possa ser atribuída aos homossexuais, hipótese que aterroriza o colega, é evidente que grassou e cresceu poderosamente nesse meio. Exatamente por isso as medidas saneadoras e profiláticas dos governos a respeito do assunto, principalmente em se tratando de Parada Gay. Ignorar isso é pretender tapar o sol com a peneira, e nem o colega será capaz de desafiar a inteligência e o bom senso dos demais migalheiros se continuar nessa senda. Finalmente, quanto aos privilégios acima dos demais cidadãos, gostaria de lembrar que a doença de chagas, por exemplo, atinge cerca de 5 milhões de pessoas no Brasil, sendo o coração o órgão mais lesado. Não há vacina e o número de óbitos é impressionante. Mais que isso, vale lembrar o relatório do Pacific Institute de Oakland, apresentado no Rio + 10, que acusava que mais de 76 milhões de pessoas, a maioria crianças, morrerão de doenças relacionadas à água, até 2020, em razão de diarréia, cólera, febre tifóide e doenças transmitidas por insetos, e não por causa de nenhuma opção ou orientação sexual perfeitamente evitável. Mas, ainda assim, a única preocupação é com a distribuição de camisinhas a marmanjos que alegremente querem exibir seu 'orgulho' sexual e gay, e receber 'kits' gratuitos, pagos com o dinheiro público, inclusive dos heterossexuais, para suas alegres paradas ou melhor orgias sexuais e comportamentais. Se são os 'sem noção', como os qualifica o migalheiro, vamos convir que há 'sem noção' demais... aos milhões (vide parada) e não uma pequena minoria como defende o colega. O que parece mais razoável, até por uma questão de prioridades, é atender os 'com noção', sejam homos ou héteros, crianças ou adultos, pobres ou ricos, homens ou mulheres, cidadãos enfim, aqueles que são iguais perante a Lei. Isso não lembra alguma coisa?" Envie sua Migalha