Migalheiros

25/10/2007
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Quando vejo os advogados passivos, pensando só em si próprios, eu me lembro dessa história, que costumava contar para meus filhos.

A ratoeira

 

Havia certo rato, que vivia numa fazenda, e tinha acesso livre à casa do fazendeiro sem problemas. Um dia, ao entrar, viu o fazendeiro montando uma ratoeira. Apavorou-se e foi correndo contar à galinha: 'Meu Deus, montaram uma ratoeira, na casa!' – 'E daí ?' Disse-lhe a galinha. 'Isto não me afeta: o problema é só seu. Eu nem entro na casa e dou ovos todos os dias ao fazendeiro. Nada há nada a me preocupar: vire-se!' Foi então contar ao carneiro, de quem o fazendeiro tosquiava a lã, e aquele respondeu-lhe: 'O quê que eu tenho com isso ? Ademais, nunca entro na sala e o fazendeiro nunca iria fazer uma arapuca pra mim, que lhe dou a lã, ele precisa de mim'. Cada vez mais apavorado, pela falta de solidariedade, foi contar à vaca, que lhe disse: 'Ora! Amigo, o problema é só seu, evite-a. A mim não afeta, ademais ele precisa de mim que lhe dou o leite diariamente. O que ele faria sem mim?' Certa noite, a mulher do fazendeiro ouviu o barulho da ratoeira desarmando-se e, no escuro foi verificá-la. A ratoeira havia prendido uma cascavel, que, na agonia, picou-a. A mulher caiu de cama e foi piorando, dia após dia. O médico recomendou que lhe desse canja, e o fazendeiro matou a galinha para fazer a sopa. Dias após, vários vizinhos foram visitá-la e por gentileza, matou o carneiro para dar-lhes de comer. A mulher morreu, os vizinhos foram ao velório e, não tendo mais bois, o fazendeiro matou a vaca, para servi-los. Moral da história: jamais pense que você é insubstituível e nunca diga que o problema dos outros não lhe afeta, pois poderá atingi-lo mais tarde também."

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