Natal

19/12/2007
Romeu A. L. Prisco

"Querido João Ninguém, recebi, li e passo a responder sua cartinha. Como se sabe, desde 1881, com o lançamento de uma campanha publicitária da Coca-Cola, deixei de ser uma entidade divina, ou sobrenatural, desprovida até mesmo de poderes mágicos. A partir de então, quando adotei o novo visual, que hoje todos conhecem, passei a ser, como vocês dizem, um pau-mandado. Apenas cumpro ordens. Vou onde querem que eu vá, mas, não onde quero e gostaria de ir, mesmo assim, só uma vezinha por ano. Aliás, nos lugares onde vou, a minha presença não se faz necessária durante todos os dias do ano, como seria o seu caso. Por isso, querido João Ninguém, você está coberto de razão. Não conte comigo. Não fui criado para você. Então, também não posso lhe desejar um Feliz Natal. Seria uma hipocrisia, uma crueldade, sabendo-se que os votos de Feliz Natal sempre são acompanhados, além do conforto espiritual, de um mínimo de conforto material. Desejos de amor, paz e fraternidade, se não praticados antes, durante e depois do Natal, não passam de balelas e nem enchem a barriga. Atenciosamente,

 

Ass.: Papai Noel."

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