Verbas

14/1/2008
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. Diretor de Migalhas. Quero justificar as minhas mensagens anteriores sobre aumentos substanciais indevidos. Por quê? Porque eu estive lá. Fui assessor na Assembléia Legislativa, nomeado em comissão, pela Mesa a que pertencia a Dep. Dulce Salles Cunha Braga, porque havia perseguição contra mim na Educação, haja vista que eu conseguira derrubar uma Lei do governador. Laudo Natel, no STF, contra a nomeação ilegítima, sem concurso de Supervisores Pedagógicos. Derrubei-a; mas por política, eles continuaram nos cargos. Eu citei o fato em meu livro: A Justiça Não Só Tarda... Mas Também Falha. Até ameaça de agressão houvera, numa reunião em que fui convocado para agredirem-me; e a Dep.Dulce, a quem eu apoiara na eleição, preocupou-se comigo, e quis me afastar da Educação. Além disso, era minha colega, professora de Língua Portuguesa e Latina, formada pela USP, e, pelo visto, não estava contente com as falhas dos textos, que lia, e obviamente, com um professor de português a coisa melhoraria, como melhorou, porque os Colegas enviavam-me os textos para correção, antes de ser mandado para o Corregedor-mor e a Chefia, o saudoso Dr. José Carlos Reis Lobo. Eu me lembro, quando foi enviada, à Assembléia, uma proposta de aumentos dos Promotores de Justiça, que caiu no Gat., Gabinete de Assessoria Técnica, para examinar, em que o comentário foi, nos bastidores: ou nos aumentam, também, os assessores, ou não terão aumento nenhum. A assessoria da Assembléia, era composta de inúmeros com títulos  universitários, não eram procuradores judiciais, porque muitos não tinham nem sequer títulos de bacharéis em Direito: lembro-me de um, que era formado em pedagogia, outro era dentista, outro, que eu me lembre, era formado por um curso que dava direito a dar aulas para cursos de nível comercial, que inclusive, com uns colegas da PUC, opusemo-nos e fechamos a arapuca, indo à Brasília, nos tempos de Juscelino, parece-me que se chamava CAEC. Eu tinha os dois títulos: formado em Letras Clássicas, Latim, Português e Grego Clássico, e Bel. em Direito; mas quando fui admitido não era advogado, era Bel. em Direito. Fui admitido pelo título universitário  de Professor de Português, Latim e Grego Clássico. Prestei exames na OAB logo após e fui aprovado. Quando eu demiti-me, porque eu me demiti, não fui demitido, demiti-me porque não quis pedir ao então governador Paulo Maluf, minha indicação, para ficar na Assembléia, por foro íntimo; e para assegurar meu cargo de Diretor de Escola Pública de 2º Grau, por concurso público, os remanescentes conseguiram as duas coisas: o aumento igual ao de Promotor de Justiça substancial (ganhávamos como assessores um pouco mais de professores de 2º grau) e serem, aqueles, que eram advogados, os títulos de procuradores da Assembléia, muitos formaram-se depois em Direito, para terem garantidos aqueles benefícios. Isto tudo foi obtido com os governos da Revolução 'redentora' de 1964, principalmente no governo do sr. Paulo Egydio Martins, por Lei, aumentos abusivos não por concurso público, porque os cargos todos eram em comissão, mas foram efetivados, sem concurso nenhum. Essa é a história real e verdadeira. Se não acreditarem, basta apurar. O que eu quero dizer é que aumentos substanciais  na política, só se consegue por política, como no caso dos Procuradores da Assembléia, em suma, há o troca-troca: dá-me isso, que eu te dou aquilo. Isto me foi confirmado por um Deputado, infelizmente falecido, meu amigo, quando eu, impressionado pelo pessoal batendo palmas entusiasmado no auditório, quando  ouvia deputados inflamados, em seus discursos, apoiando-os, que ele disse-me, claramente: Isto não vale nada, o que vale são os conchavos nos banheiros, os troca-trocas: dá-me isto que eu te dou aquilo. É preciso dizer mais? Atenciosamente"

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