Migalheiros 11/2/2008 Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP "Sr. Diretor de Migalhas. Às vezes, vêm-me pensamentos nos quais passo a elucubrar. Lembro-me, então, dum poema de minha lavra, O Pensamento! Realmente o pensamento é a coisa mais democrática que existe. Por quê? Porque não há inibições nem punições para o pensamento, a não ser que o exponhamos, a terceiros; mas se ele persistir no recôndito do cérebro, podemos pensar à vontade, sem censura, sem admoestações, contra tudo que nos ensinaram. No poema eu digo: o pensamento é notável, e por ser assim variável, que vale a pensa pensar, com coisas boas ou más, pois não peca o pensamento; mas sim o procedimento. E divago sobre o que pensei hoje? Sobre a Justiça! O que seria Justiça, o que é a Justiça, haverá Justiça? Ouço tanto falar nela. Para justificá-la, o homem procurou dar sua origem a Seres superiores: Deus, Alá etc. Mas quem pode provar a existência deles, com a evolução da Ciência, com a digressão do homem no Universo? Logo, o mais provável, o mais lógico é que o homem tenha inventado a Justiça. Mas qual homem teria autoridade para inventá-la, com tantas fraquezas humanas, tantos desvios de conduta? É só reportar-nos ao passado, aos erros cometidos por nossos antepassados, por interesses múltiplos. Como eu disse, o pensamento é notável, mas quantos desvios há neles na interpretação das coisas, no que seria o bem, no que seria o mal? O homem criou as leis, para obter Justiça; mas elas estariam certas? Vemos desvios delas, freqüentemente, por interpretações dúbias, e quem se desvia estaria certo ou errado; ou estará realmente se desviando, pois sua interpretação é que poderia ser a certa? Além disso, cada sociedade tem suas leis, seus conceitos do que sejam as leis, seus conceitos de Justiça, As leis sempre visam proteger uma parte da sociedade; porém, o mais certo não seria elas protegerem todos? No momento que o judiciário julga, fundamentado numa lei, haverá Justiça naquele ato? Difícil não? Eis porque vale a pena pensar, embora não se chegue a lugar algum, a não ser na dúvida, embora a dúvida também tenha seu lugar no espaço do pensamento. por isso ele é democrático.Desculpem as elucubrações cerebrinas. Atenciosamente." Envie sua Migalha