Petrobras

"Primeiro, é muito curioso que quatro computadores e dois discos rígidos, com dados estratégicos da Petrobras sejam furtados de dentro de um contêiner, coisa que a nós, mortais, parecia impossível. Curioso, também, o fato de que, feita a queixa do furto, somente 15 dias depois é tomado o primeiro depoimento, como se o que fora furtado fosse de menor importância e não material de segurança nacional. Mais curioso, ainda, é que o furto se deu em alto mar, ao que parece, entre o litoral de São Paulo e Macaé e estava em um contêiner não da Petrobras, mas de propriedade da Halliburton. E é aí que a coisa fica mais curiosa ainda, já que a Halliburton, como todos sabem, é aquela 'pequena' empresa que, durante muito tempo foi comandada pelo atual vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, apelidado carinhosamente por Hillary Clinton de 'Darth Vader', hoje investigado pelo Comitê de Assuntos Governamentais do senado norte-americano por conta de contratos milionários conseguidos no Iraque para a Halliburton (referentes a petróleo, é claro), a maioria sem concorrência, inclusive os dados sem licitação pelo Departamento de Defesa dos EUA. É também curioso que, mesmo com Cheney aparentemente fora do comando da empresa, os contratos de petróleo da Halliburton no Oriente Médio vem aumentando estratosfericamente e as ações da empresa dispararam nos últimos anos. Além de ser acusada de superfaturar preços no Iraque, a Halliburton já foi condenada a devolver milhões aos cofres americanos e, não obstante tudo isso, o exército dos Estados Unidos não hesitaram em assinar contratos vários com a KRB (Kellog Brown and Root, uma subsidiária da Halliburton) para 'serviços' no Iraque. Há até um site (clique aqui) dedicado a documentar casos de corrupção e denúncias envolvendo a empresa. É ou não curioso que a Petrobras confie computadores e discos rígidos, com informações sensíveis sobre 'nosso' petróleo, objeto da mais alta segurança nacional, a serem guardados em um contêiner de propriedade dessa mesma Halliburton? E agora, quinze dias depois da queixa do sumiço do material, a delegada encarregada resolve interrogar um funcionário da Petrobras. Não está parecendo aquela velha história, verdadeira, da ponte que caiu na Foz do Iguaçu, cujo inquérito, ao final, acabou por atribuir a responsabilidade a um índio que deveria ter engraxado a ponte?"