Migalheiros

26/2/2008
Romeu A. L. Prisco

"Quem visitar o portal da 'Telefônica', pode ficar, ao mesmo tempo, invejoso, orgulhoso e deslumbrado. Invejoso, pelo fato de aquela empresa, infelizmente, ainda não ser brasileira. Orgulhoso, pelo fato de, nada obstante, estar aquela empresa a serviço dos brasileiros. Deslumbrado, diante dos números e dados por ela apresentados, que a credenciam a figurar entre as 'mais-mais' da Revista Forbes. Todavia, como nem tudo é perfeito, no extenso e substancioso currículo daquela empresa, faltou mencionar um detalhe importantíssimo: o de ser ela a líder absoluta do 'ranking' geral de reclamações do Procon/SP. Ou seja, a 'Telefonica' não só encabeça a lista de reclamações da sua área de atividade, como também ocupa o primeiro lugar no confronto com as lideranças de outras áreas de atividade. Quem sabe a 'Telefônica' até pudesse justificar essa posição, tendo em vista a  abrangência territorial dos seus serviços e a enorme quantidade de clientes. Todavia, se a estes não pode atender com um mínimo de qualidade, por ser a única a dar conta do recado, então, que se diminua o seu território de atuação, reduzindo-se, por via de conseqüência, o número de clientes, e que se abra o mercado a outras concorrentes, a fim de que os interessados possam exercer a liberdade de opção. Não é por menos que a 'Telefônica' se revela a campeã das reclamações. Quem dela depende, por não ter outras alternativas, sabe disso. A indigitada empresa, tal a precariedade de atendimento aos seus clientes, em determinadas situações, além de revelar incompetência, ainda compromete seriamente a sua idoneidade. Tome-se, como exemplo, o 'Plano Internet Ilimitada', que, por um valor mensal fixo, possibilita ao cliente acesso permanente à internet.  Tal Plano, depois da assinatura verbal do contrato de adesão, não funciona de acordo com as promessas feitas pela 'Telefônica' ao usuário: (1) a velocidade de acesso à internet, que deveria se dar na base de 56Kbps, quando atinge 20Kbps, ou algo acima disto, mínimo necessário para navegação e abertura de páginas, já é motivo de satisfação; (2) o suporte técnico, que deveria se dar através de 0800, foi 'jogado' para a Central de Atendimento (103-15) daquela Concessionária, que não passa de uma 'Central de Tortura', às vezes até mesmo para os despreparados atendentes, que não sabem o que falar ao desesperado cliente; (3) na ocorrência de algum impedimento para acesso à internet, ela, 'Telefônica', só admite ser problema seu ('instabilidade do sistema', 'serviços de manutenção', ou coisa que o valha) depois de submeter o usuário à prolongada penitência, fazendo-o passar por todas as câmaras de terror da referida 'Central'. O pior dessa história é que a 'Telefônica' sabe de tudo. Tanto sabe, que bloqueia todos os meios de comunicação direta com seus sofridos clientes. O Procon/SP, coitado, faz o que pode, diante da avalanche de reclamações contra aludida Concessionária. A agência governamental reguladora e fiscalizadora dos serviços de telefonia e conexos, ANATEL, também sabe de tudo, mas, não faz o que pode e nem o que deveria fazer, salvo quando se trata de aprovar a cobrança de novas tarifas.  Ingressar no Judiciário, mesmo que seja perante os Juizados Especiais Cíveis, só vai aumentar o sofrimento. Quando o feito chegar ao seu deslinde, provavelmente, telefone e respectivo acesso à internet já estejam em desuso. (Nossa! Como foi doloroso para um advogado ter de redigir este dois últimos parágrafos!) Ao infeliz e desamparado cliente da 'Telefônica' resta a imprensa não comprometida e demais órgãos de divulgação pública, como é o caso destas valorosas colunas migalheiras."

Envie sua Migalha