Governo Lula

29/2/2008
Alex Solomon

"Segundo nosso presidente, que discorreu na inauguração da nova fábrica da Michelin, ao quitarmos antecipadamente a dívida com o FMI, falamos tchau e bênção e fomos cuidar do nosso próprio nariz. 'Esse cuidar depois do tchau custou uma nota'. Um pouco de reflexão – é claro que depois tudo fica fácil – e um pouco de aritmética não faz mal a ninguém. Para quitar os 15,57 bilhões de dólares, gastamos o equivalente a R$ 35,5bilhões (pela cotação média do dólar em dezembro 2005). Caso fossemos esperar até o vencimento em 2007, o valor cairia para uns R$ 28 bi, supondo que a evolução do câmbio fosse a mesma. Obviamente, esse cálculo inclui simplificações grosseiras, uma vez que no meio haveria quitações de parcelas contratuais, rolagens etc. Para complicar um pouco mais os reais de 2005 valem mais do que os de 2007 (algo como 7% ). Considerando ainda que os juros dos empréstimos do FMI eram inferiores aos de outros empréstimos, teria sido melhor pré-pagar outros compromissos. Livramo-nos dos juros camaradas cobrados pela 'sogra' e preferimos manter dívidas mais onerosas, tudo isso para atender aos gritos raivosos: ‘Fora FMI!’ que embalaram alas progressistas do nosso bloco. No frigir dos ovos, nosso cocoricar custou vários bilhões de dólares (2? 3? 4? mais?), face à economia de juros estimada em 900 milhões, anunciada com pompa e circunstância. Uma operação que, a posteriori, revelou-se ruinosa para os interesses do País, motivada por propósitos demagógicos e fonte de discursos de mesmo teor, eis o que foi essa quitação antecipada. Quitar antecipadamente uma dívida em moeda que está se depreciando não é e nunca foi sinal de competência."

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