Cartões corporativos

"Desde que começou essa história dos cartões corporativos, mais uma maracutaia, das grandes, com que a classe política brindou o povo brasileiro, pensávamos nós, os mais ingênuos, que isso estava restrito ao governo federal. Afinal, pensamos, tinha sido uma criação do governo Fernando Henrique, para facilitar o pagamento de 'pequenas despesas' e para facilitar a transparência e, como sempre, ninguém pensou que iria servir para grandes despesas ou despesas espúrias e sem nenhuma transparência, como sempre acontece. Mas, desde o começo, ficamos todos surpresos – e impressionados, ingênuos que somos – em saber que perto de 7.000 funcionários públicos federais dispunham dessa facilidade. Fomos até informados pelos jornais que a distribuição desses cartões era feita pelos ordenadores de despesas de cada repartição pública. Depois, ficamos sabendo, também pelos jornais, que dos 7.145 servidores agraciados com os tais cartões, muitos deles possuem mais de um, o que multiplica, sabe-se lá por quanto, o número final dos cartões em uso. Há pouco tempo, veio à tona que também os governos estaduais usavam cartões corporativos, até porque uma boa idéia há de ser aproveitada, principalmente heranças benditas. E veio o caso do governo de São Paulo que, descoberto, prontamente se dispôs a 'tomar providências' daquelas que sempre acontecem após as denúncias. E o governador Serra anunciou um corte 'drástico' nos cartões corporativos dos funcionários de seu governo. Aí vem a parte que, convenhamos, só pode ser brincadeira, e estamos longe do 1º de abril. É manchete dos jornais de hoje que o secretário da Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo Costa, anunciou que o governo José Serra vai reduzir de 42.315 para pouco menos de 18.000, o número de cartões corporativos autorizados a efetuar despesas. Em outras palavras, dos 42.315 cartões, o governo de São Paulo vai cancelar 24.350. E sobram exatos 17.965 cartões rodando em São Paulo. É piada?"