Artigo - As sementes da advocacia

6/3/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Não pretendo, de forma alguma, desestimular o jovem bacharel Ricardo Régis Oliveira Veras, em sua futura carreira jurídica, mas ao ler sua Migalha de Peso (Migalhas 1.848 - 29/2/08 - "Advocacia" - clique aqui), com alguma dificuldade, devo admitir, lembrei-me da comparação de Edson Vidigal, que sempre comparece a estas páginas com seus excelentes comentários, 'entre o "juridiquês" e o latim em missa, acobertando um mistério que amplia a distância entre a fé e o religioso; do mesmo modo entre o cidadão e a lei'. Em outras palavras, o uso da linguagem rebuscada, incompreensível para a maioria, que serve mais ao ego do autor, como demonstração de erudição, ou de poder, do que seu objetivo maior que é o de fazer justiça. Em 2004, a ABM – Associação dos Magistrados Brasileiros iniciou uma campanha, cujos resultados desconheço, para promover a reeducação lingüística nos tribunais e estudar formas de tornar a justiça mais acessível e compreensível para o público leigo. E, na ocasião, informou que os principais alvos da campanha seriam os estudantes de direito, para os quais a Associação promoveria palestras em faculdades para convencer os alunos de que a linguagem não deveria ultrapassar os limites do entendimento possível à maioria da sociedade, devendo ser simples, direta e objetiva, não havendo necessidade alguma de ser rebuscada. Assim, uma crítica construtiva, de um advogado mais velho para um jovem bacharel, retirada de Conjur:

'No tocante as técnicas de elaboração textual, deve se considerar algumas qualidades características da boa escrita, como clareza, concisão, objetividade, precisão, leveza, elegância e correção. O principal é a clareza e a objetividade. Como disse Luiz Fernando Veríssimo: Respeitadas algumas regras básicas de gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo? (O GIGOLÔ DAS PALAVRAS, 1993). Quando a clareza se revela em um texto, este é de imediato compreendido, a comunicação atinge seu objetivo, é eficaz e completa'."

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