Colômbia X Equador 11/3/2008 Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL "Nessa discussão sobre o quase conflito entre Colômbia e Equador, no qual a Venezuela de Chávez se esforçou para colocar pedras no caminho da negociação da paz, parece que um ponto ficou deixado de lado. Alguns migalheiros lembraram que as Farc são uma organização terrorista, seqüestradora. Outros argumentam que elas lutam contra um governo títere dos americanos, não obstante a organização já existisse antes de Uribe. Outros se limitam a não mencionar a influência de Chávez no conflito, enquanto alguns se batem pelo direito do Equador em defender seu solo e outros perguntam por que o Equador permitia que seu solo abrigasse as Farc. Muitos perguntam como as Farc conseguem tanto dinheiro, para custear 40 anos de guerrilha, e acham interessante que Chávez tenha fornecido 300 milhões de dólares, generosamente, à guerrilha. Enquanto isso, todos acham graça no fato de que os guerrilheiros mortos tenham sido localizados através de uma ligação telefônica entre seu chefe, na selva equatoriana e... Chávez, em seu palácio na Venezuela, rastreada por um satélite, desconfia-se de que país. E, em todo o evento, lamenta-se que o Brasil e o presidente Lula tenham perdido a oportunidade diplomática de liderar e comandar o processo de paz entre os companheiros do continente americano. Isso, de fato, é lamentável, porque todos os envolvidos, inclusive as Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, fazem parte, juntamente com o PT – Partido dos Trabalhadores, do Foro de São Paulo, entidade da qual Luiz Inácio Lula da Silva é um dos fundadores. Em 2/7/2005, na celebração dos 15 anos do Foro de São Paulo, o presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, figura de destaque, proferiu um discurso, onde lembrou que 'fundei esta instância'; que 'o companheiro Marco Aurélio tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990’; que 'graças a essa relação foi possível construirmos, com muitas divergências políticas, a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente'; que 'não está longe o dia em que o Foro de São Paulo vai poder se reunir e ter, aqui, um grande número de presidentes da República que participaram do Foro de São Paulo'; que 'a passeata do Movimento Sem-terra terminou em festa, porque nós fizemos um acordo entre o governo e o Movimento Sem-terra, pela primeira vez na história'; que 'eu estou certo que nós poderemos continuar dando contribuição para outras forças políticas'... e por aí afora. O Foro de São Paulo conta, já, com as seguintes forças políticas: Argentina - Partido Comunista da Argentina Barbados - Movimento Clement Payne Brasil - Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista do Brasil, Partido Comunista Brasileiro Bolívia - Partido Comunista da Bolívia Cuba - Partido Comunista de Cuba Chile - Partido Comunista do Chile, Partido Socialista do Chile, Movimento de Esquerda Revolucionária Colômbia - Partido Comunista Colombiano, Exército de Libertação Nacional, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia Costa Rica - Partido Popular Costariquenho Dominica - Partido Trabalhista de Dominica República Dominicana - Partido de Libertação Dominicano El Salvador - Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional Guatemala - União Revolucionária Nacional da Guatemala Guiana - Aliança do Povo Trabalhador México - Partido do Trabalho, Partido Socialista Popular, Partido da Revolução Democrática Nicarágua - Frente Sandinista de Libertação Nacional Paraguai - Partido Comunista Paraguaio, Partido Pátria Livre Peru - Partido Comunista Peruano, Partido Socialista do Peru Porto Rico - Partido Nacionalista Portoriquenho, Frente Socialista, Movimento de Independência Nacional Hostosiano, Federação Universitária Pró-Independência de Porto Rico Uruguai - Frente Ampla, Partido Comunista do Uruguai, Partido Socialista do Uruguai, Tupamaros Venezuela - Partido Comunista da Venezuela, Movimento Quinta República. Então, é mesmo estranho que os defensores do solo sagrado equatoriano, que não se preocupam em saber o que, afinal, faziam lá as Farc, ignoradas pelo governo do Equador, enquanto falavam ao telefone com o presidente da Venezuela, mantendo dezenas de seqüestrados colombianos, não trazem à discussão o que são, de fato, as Farc, e o que elas representam, de fato, para o continente, inclusive para o nosso governo, cuja política, diplomática, desde o Barão do Rio Branco, é de não se envolver com a política de outros países." Envie sua Migalha