Células-tronco

18/3/2008
Rogério Steinemann Dumke - advogado OAB/PR 31.180, militante em Curitiba/PR

"Estou lendo o excelente livro '1808' de Laurentino Gomes, que retrata a vinda da Família Real para o Brasil e o período em que eles ficaram por aqui. Logo no começo do belo trabalho de pesquisa, conta o Autor (e a história) que o Segundo Filho de D. Maria I (a Rainha Louca) D. João, não tinha sido preparado nem educado para dirigir os destinos de Portugal. O irmão mais velho de D. João, herdeiro natural do trono, chamava-se D. José, era ele quem deveria assumir o poder. Ocorre que em 1788, aos 27 anos de idade, D. José morre de varíola. Varíola? Na época em que D. José morreu, a vacina contra a varíola já era aplicada em vários países europeus. A Rainha Maria I, porém, não autorizou que seu filho mais velho e herdeiro do trono fosse vacinado por 'Convicções Religiosas'. D. José morreu. Anos mais tarde, quando Portugal já era tido como o país mais atrasado do continente, principalmente por conta da Igreja Católica, toda família Real foi vacinada. Mas D. José não ressuscitou! Neste exato momento, no ano de 2008, duzentos anos depois da vinda da Família Real para o Brasil, o Supremo Tribunal Federal tem na sua pauta um processo que autoriza ou não a pesquisa com as denominadas 'células-tronco'. Seja por 'escrúpulos religiosos' ou não, um dos Ministros pediu vista do processo. Minha dúvida é a seguinte. A religião ou a Igreja nos atrapalharão como atrapalharam Portugal (e já nos atrapalharam antes)? Esperaremos para seremos o país mais atrasado do continente por ideologias religiosas? Daqui a duzentos anos, ou bem menos do que isso, a proibição da pesquisa com células-tronco não será considerada uma atitude insana?"

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