Pósvisão do tempo

"Há algum tempo escrevi um comentário para Migalhas criticando as previsões do tempo, reclamando dos resultados apresentados e dando minha opinião no sentido de que para sabermos o tempo, por exemplo, em um determinado feriado, só depois de acontecer, ou seja, na volta. Nesse último, não deu outra coisa. Como iria passá-lo em Petrópolis, passei a acompanhar a 'previsão', serviço da Folha de S. Paulo, que apontava tempo ruim nos dias da Semana Santa. Preparei-me, pois, para as intempéries. Nos dois dias que antecederam minha viagem – privilegiado que sou – que se daria na quinta-feira, dia 20, pesquisei o tempo em Petrópolis, na Folha, recebendo informes, na terça-feira, que nos dias que lá estaria, haveriam trovoadas esparsas (o que quer que isso signifique) e, na quarta-feira, havia piorado para nublado com chuvas. Fiz, então, minha mala de acordo com a previsão e, contraditoriamente, passei excelentes dias de sol, na piscina. Daí, e por causa desses desencontros, desenvolvi a Teoria da Pósvisão do Tempo, pouco útil, na verdade. Mais recentemente, sempre interessado no assunto, principalmente nos motivos pelos quais são mantidos serviços de previsão de tempo se dificilmente eles acertam, cheguei à Teoria do Caos e ao Efeito Borboleta, também chamado de realimentação do erro, que nada mais é do que uma dependência sensível dos resultados finais às condições iniciais da alimentação de dados, que explica e demonstra a impossibilidade de uma previsão meteorológica perfeita, pois para que se tenha uma previsão do tempo precisa, os dados de alimentação além de serem infinitos, deveriam ser de previsão infinita e, portanto, a memória física de processamento de dados também deveria ser infinita. Mas, sendo impossível dispor de tal sistema, é impossível executar uma previsão perfeita nestas bases. Mas, se não é perfeito, e nem aproximado, como se tem visto nos feriados em que se pretende viajar, qual o motivo, afinal, dos 'serviços' de previsão de tempo? Melhor, ao fazer as malas, é levar um pouco de tudo. Afinal, a previsão de tempo nunca está errada, sob certo ponto de vista: se a probabilidade de chover é de 80% e chove, o evento com 80% de probabilidade ocorreu e, se não chove, ocorreu aquele evento com 20% de probabilidade."