Um tapinha não dói 4/4/2008 Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL "Só um adendo à aula de história do migalheiro Cleanto sobre o Tango, quanto à parte em que os homens dançavam com outros homens, sem que isso tivesse qualquer outra implicação maliciosa. Isso era naquela época, pois hoje em dia, em Buenos Aires, existe la Marshall, boate especializada em tango, na qual as danças estritamente masculinas foram resgatadas. De onde veio a informação? Do 'site' do Ministério da Saúde do Governo do Brasil. 'Na La Marshall, homens dançam passos sensuais sem causar escândalo BUENOS AIRES - A música de fundo é Nieblas del Riachuelo, elegante tango de Enrique Cadícamo. Um casal desliza pelo salão, no meio da penumbra. Ele, de uns 50 anos, cabelos grisalhos cuidadosamente penteados, veste traje esporte fino. O parceiro, de menos de 30, está de jeans e camiseta justa, mostrando os músculos. Em todo o salão homens dançam com homens. Trata-se de La Marshall, primeira tanguería gay do mundo. Todas as quartas-feiras um público de mais de 40 homens dança compenetradamente o gênero que imortalizou Carlos Gardel e o escritor Jorge Luis Borges descreveu como "uma forma de caminhar pela vida". Os professores Edgardo Gargano e Augusto Balizano afirmaram que em uma milonga (salão de tango) tradicional não está proibida a dança entre homens, mas "inevitavelmente ia ser malvisto". Balizano, que já participou do Queer Tango Festival - evento gay realizado em Hamburgo, Alemanha - disse que a idéia ao criar o La Marshall era de que "os rapazes pudessem dançar em paz". A imagem de dois homens numa dança sensual como o tango causa arrepios de terror nos "tangueiros" ortodoxos. Mas há cem anos, quando o gênero dava seus primeiros passos, isso era freqüente. Historiadores afirmam que de dia, para treinar passos complexos como "cortes" e "quebradas", os homens dançavam entre si. À noite, segundo Balizano, "eles davam show nos salões, com tudo o que haviam treinado, mas, com certeza alguns dos caras que dançavam eram gays". No tango, ao contrário de outras danças populares, quem comanda o ritmo é o homem. Em La Marshall, os professores ensinam a conduzir e ser conduzido. "Alguns alunos se recusam a serem comandados. Não querem deixar o papel de homem. Mas nós dançamos das duas formas. Às vezes é um quem conduz, às vezes o outro. Depende do momento", explicam Leo e Fabio, jovem casal que tem aulas de tango há um ano e agora pode mostrar sua técnica no salão. La Marshall está aproveitando a transformação de Buenos Aires na "Meca gay da América Latina". Recebe muitos turistas homossexuais, como alemães, mexicanos e brasileiros. Também mulheres gostam de ir ali pelo prazer de dançar o tango "sem sofrer o assédio de velhos caquéticos heterossexuais", como explica Ana, uma loira estonteante de 25 anos. "Quem dança comigo aqui é pelo amor ao tango mesmo, e não porque está olhando meu decote"." Envie sua Migalha