Conceito e fato

8/4/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Ainda o dossiê. Agora, não importa mais o dossiê em si, ou quem o produziu, mas quem o 'vazou'. Isso parece, sim, importante: quem 'vazou'. À ministra Dilma parece não ter importância alguma que uma subordinada sua, dentro de seu ministério, antes mesmo de qualquer demanda do TCU, estivesse produzindo um dossiê. Isso é irrelevante. Mas, como ficaram sabendo? Quem 'vazou'? Isso vamos investigar, e castigar os culpados. Já o ministro da justiça, bastante esotérico, partiu para a diferença entre conceito e fato, dizendo que não pode a polícia federal investigar conceitos, mas somente fatos, e que dossiê é conceito e não fato. Conceito, aprendi, é uma entidade psíquica abstrata e universal que serve para designar uma categoria ou classe de entidades, eventos ou relações ou, ainda, o elemento de uma proposição, como uma palavra é o elemento de uma sentença. Não sei bem por que o ministro Tarso Genro se saiu com essa história de que o dossiê da ministra Dilma é um conceito quando, de fato, é um fato, e não entendi, também, o motivo pelo qual tanto interesse em investigar o 'vazamento' se para ter vazado era preciso ter sido, primeiro, produzido e, com certeza, o foi, de fato, e não apenas conceitualmente, já que até publicado foi. Já o fato, e é bom que o ministro da justiça saiba, e a ministra Dilma também, é a coisa ou ação feita, aquilo que realmente existe, o que é real, o que pode ser vazado porque existe, de fato. E o dossiê, afinal, foi, de fato, o fato gerador de uma enorme complicação, assim como o outro dossiê, dos aloprados do PT, o dossiê Vedoim, que deu no que deu, um fato histórico, um fato real, um fato concreto, que quase chegou às vias de fato. Agora, um fato novo, ou um novo dossiê, que mostra a existência de uma sociedade de fato, que produz dossiês de fato, não de ficção. O fato é que o dossiê foi produzido, produzido de fato e esse foi um fato relevante, um fato consumado, que resta saber quem, de fato, o produziu, pouco importando quem o 'vazou', até porque, diferentemente das trovas universitárias, não é fita, é fato. E, se a ministra Dilma tem algo a reclamar, que use os meios legais, o Código do Consumidor, e que veja de quem é a responsabilidade, dentre os que a servem, pelo fato do serviço. É para isso que servem as leis."

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