xHomem grávido

9/4/2008
Paulo Roberto Iotti Vecchiatti - OAB/SP 242.668

"Em complemento caro Dávio, não me esqueci de suas indicações bibliográficas: (i) sobre o relatório Kissinger, digo o mesmo que já disse em outro debate (sem transcrever, mas o principal): pelo que vi numa rápida pesquisa na internet, ele se chamou ‘Implicações do crescimento da população mundial para a segurança dos Estados Unidos e de seus interesses externos’ e constatou que nas escolas estavam ensinando que a homossexualidade era normal. Ok, o que há de mais nisso, tirando para aqueles que insistem em considerar a homossexualidade menos digna que a heterossexualidade mesmo sem nenhuma prova disso, baseados em subjetivismos e generalizações descabidas? (depois disso, citei diversos estudos que comprovam que o fato de um menor ser criado por um casal homoafetivo não traz nenhum prejuízo ao mesmo pela mera homoafetividade do casal que lhe cria, o que estava no contexto daquele debate. Se quiser, os cito novamente, mas muitos podem ser encontrados no link, em inglês:(clique aqui). Ou seja, o que há de mais no relatório Kissinger em relação à homossexualidade/homoafetividade? (que não decorrem nem causam distúrbio algum, como a realidade empírico-científica demonstra, sendo que nunca se provou o contrário); (ii) sobre o decálogo de Lênin (clique aqui), não há nenhuma relação entre conceder liberdade sexual e discussões sobre democracia e Estado de Direito à população com a obtenção do poder... Isso é um absurdo. Inclusive pelo livre-arbítrio religioso, as pessoas devem ter liberdade de determinarem suas vidas. Não conceder liberdade (sexual, religiosa, política, moral etc) implica na visão deturpada de se pensar o povo como incapaz de se auto-governar e, portanto, ser necessária uma ditadura... (argumento muito usado na época da ditadura, aliás...). Ou seja, concepção nesse sentido (de não-concessão de liberdade) implica em totalitarismo. Fora que a história já provou que lideranças religiosas são capazes das mesmas atrocidades que as lideranças não-religiosas – são pessoas tão humanas e tão passiveis de erro quanto estas; (iii) sobre Jerôme Lejeune, suponha que esteja a falar das células tronco-embrionárias e o início da vida (para uma síntese da posição dele: (clique aqui). É uma tese. Eu nunca duvidei que o embrião já tem todas as características da pessoa a nascer. Contudo, compactuo com a tese segundo a qual 'pessoa humana' só existe com o sistema nervoso central – até lá, ter-se-á mera potencialidade de vida humana. É minha opinião. A vida continua intangível fora dos casos de extremo sofrimento (a vida digna, a meu ver, prevalece sobre a vida em sofrimento, devendo-se dar à pessoa autonomia para decidir seu destino após lhe oferecer livre consentimento informado), a questão é relativa ao termo inicial da vida humana. Aí há as teses em comento (e não é qualquer embrião que se quer utilizar nas pesquisas, mas apenas os inviáveis e os congelados há mais de três anos, que têm sido descartados... penso haver os conceitos jurídicos de razoabilidade e proporcionalidade nisso – mas esse é outro debate caro Dávio); (iv) não tenho como ler o livro 'O Jardim das Aflições' para este debate caro Dávio (falta de tempo – trabalho, estudos para prova de Mestrado etc), mas por favor, sintetize a idéia do livro (se quiser) que terei prazer em expor minha opinião sobre o tema; (v) não tive tempo de ler a encíclica hoje, mas quanto a religiões, reitero: interessante como a felicidade do chefe da igreja católica aparentemente só se destina a católicos, visto que ele faz o possível para que pessoas que desejam ser felizes sem seguir os dogmas católicos não tenham direitos reconhecidos pelo Estado... (este e o anterior) No mais, a fé também foi usada ao longo da história (e ainda é) para justificar barbaridades... Religiosidade não é nem nunca foi sinônimo de bom-senso... Você pode falar em 'verdadeira religiosidade', mas aqueles que fizeram barbaridades em nome da fé normalmente acreditavam estar ela seguindo..."

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