Isabella

15/4/2008
Alexandre de Macedo Marques

"Realmente é deplorável a sórdida exploração midiática da tragédia. E estúpida e ignóbil a reação julgadora da 'massa' e os esgares e gritos de 'assassinos'. Entretanto diante da análise do 'script', a partir dos fatos até agora revelados, não há que negar que o casal é o grande suspeito da autoria do evento. Uma única hipótese consegue amenizar a sua situação. E a hipótese, a meu ver, inaceitável: a presença de uma terceira pessoa no cenário. Por hipótese aceitemos o fato como viável. Pergunta-se o que faria essa terceira pessoa? Um ladrão cujo objetivo era roubar algo do apartamento? um assassino para exercer alguma vingança em um dos membros da família? Entre as duas fiquemos com um ladrão que se introduziu no apartamento. O pai da Isabella chega com a criança adormecida, acende as luzes, coloca-a no leito. Não deu pela presença de nenhum estranho, desce para a garagem. Continuando com a hipótese que haveria, realmente, uma terceira pessoa no apartamento. Que faria? O modus operando de ladrão permite-nos levantar duas ou três probabilidades: 1- Ameaçaria o pai da Isabella para que indicasse onde estavam valores. Talvez o amordaçasse e manietasse antes de fugir. 2- Como o pai da Isabella saiu após deixar a menina adormecida no leito, recolheria rapidamente o que tivesse de valor e deixaria o apartamento. 3 - Mas suponhamos que a criança acordou viu o desconhecido e gritou.Estamos falando de um hipotético ladrão. O que faria? não era um adulto, era Isabella, uma menina de cinco anos. Mostram os laudos que a menina foi rudemente espancada, esganada e jogada do sexto andar por um buraco, aberto com tesoura ou faca, na tela de proteção de um quarto, diferente daquele em que o pai afirma que a deixou. O ladrão teria todo esse trabalho? Afinal tratava-se de uma criança, do sexo feminino, de cinco anos, de débil força física, facilmente dominada por um adulto.’ O que se registra são gritos infantis de 'pára, pai, pára, pai', vozes iradas de adultos brigando, mulher histérica gritando palavrões. Telefonemas estranhos... Chamou-me muito a atenção as duas cartas, do pai e da madrasta, divulgadas um ou dois dias depois do evento. Não havia uma só linha de esclarecimento ou dados e relatos capazes de fazer um mínimo de luz sobre a tragédia. Apenas um amontoado de melosas frases feitas com protestos de afeto e bem querer, no sentido de amenizar a opinião pública e na linha do 'quem ama não mata'. Tipo de melodrama de criminalista sem linha de defesa. Enfim, ainda não os considero culpados,até por respeito à formação em Direito. Mas, se não houver outros fatos relevantes, a hipótese de 'Terceira Pessoa' parece-me uma ficção. Terrível por que nos deixa diante de um crime que reafirma o insondável Mal que habita o coração do Homem."

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