Governo Lula

18/4/2008
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. diretor de Migalhas, quanto mais fala o migalheiro Wilson Silveira, mais e mais eu chego á conclusão de que também tenho razão. 1º. Não sou Lulista, não votei e provavelmente nem votarei para Lula, aliás, não voto para ninguém para Presidente, há muito, desde Collor, que sabia um embuste; e agora, que suplantei os 80 anos, talvez nunca mais vote para executivos. Excepcionalmente, voto para senador, deputado, vereador amigos meus, ou que pensam como eu; ou votarei contra alguém. O migalheiro é viajado, conhece o mundo, eu o parabenizo: nunca consegui sair do Brasil por motivos econômicos e de família, como a maioria dos brasileiros. As profissões que escolhi não me deram grandes oportunidades, principalmente a de Professor de 2º grau, mal remunerado como somos. Quando Diretor de Escola de 2º Grau, o Governador Laudo Natel houve por bem enviar uma lei em que transformou cargos, até de professores primários (de 1º grau) em superiores dos Diretores, sob o nome de supervisores pedagógicos. Reuni colegas e parti para a briga no STF e ganhei a batalha; mas não ganhei a guerra (conto isso no meu livro: A Justiça Não Só Tarda...Mas Também Falha); fui até detido pelo Dops; a sorte é que tinha me prevenido, e tinha as costas quentes, junto ao II Exército. A lei foi declarada inconstitucional, mas aqueles que haviam sido nomeados politicamente lá ficaram, hoje, a maioria aposentados, como eu. Só que eu fui aposentado como Diretor de Escola Pública. Naquele ínterim, eu apoiava a Deputada Dulce Salles Cunha Braga, infelizmente recentemente falecida; e ela, percebendo a animosidade que eu criara junto à Educação, com aquele processo, nomeou-me assessor técnico legislativo,hoje Procurador da Assembléia Legislativa do Estado; porém, quando passaram-se os dois anos de afastamento da Educação eu tive de optar: ou pedia para o Gov. Maluf para continuar afastado;ou voltava para o meu cargo. Por razões de foro íntimo, resolvi voltar para o meu cargo. Fiz asneira! Poderia estar com uma aposentadoria vultosa, se optasse pela política. Mas isto é Brasil. O Brasil que o sr. Wilson vê possibilidade de melhorar,de ser igual aos chineses,aos vietnamitas, e até aos indianos. Esquece-se de um grave problema: o político e o alimentar. As crianças mal alimentadas só podem chegar a QIs abaixo de 100, por falta de proteínas. Isto está provado cientificamente. É o que as classes políticas abastadas querem: mão de obra barata, não inteligências. Desculpe-me, mas até as religiões estão orientadas nesse sentido. Quanto menos pensarem melhor. Pois os militares não extinguiram o latim e a filosofia dos cursos regulares para o brasilíndio não pensar? Bem! Não estou examinando todo o governo Lula. Aliás economicamente também não tenho grande cultura, para examiná-lo, como tem o migalheiro Wilson. Tenho de viver o dia-a-dia e sei como está difícil. Sei que houve muitas promessas e quase nenhuma cumprida. Isto de abandonarem as escolas é próprio de ignorantes; mas eles não são os culpados. O culpado é séculos de domínio econômico, de exploração, de má-fé. Wilson cita coreanos, chineses, indianos etc. Esquece-se, talvez, do que sofreram para chegar lá, das lutas para progredirem, dos milhões que morreram. Vivemos sob domínio econômico, de trustes de maus industriais etc que só pensam em si. Tenho 82 anos e já assisti cenas dantescas, em que industriais brasileiros acabaram com nossos rios flora e fauna, poluíram-nos e nada pagaram em troca, e enriqueceram, prejudicando milhões. E foi nos tempos de Getúlio, pelos idos de 40. Hoje, vejo indústrias extraírem nossos minérios como se fossem deles e enriquecerem. Vejo industriais usarem nossas rochas para fabricação, por exemplo, de cimento, e nada pagarem. Isto é Brasil, há décadas, houve povos que expulsaram esses exploradores, por exemplo, o Peru, que expulsou Patiño, e ele não era gringo, mas peruano. Difícil livrar-nos mais dos maus patrícios, por exemplo, os que exploram nossa madeira, nossa floresta, como se fosse deles; que esbulham terras, como no Pontal do Paranapanema etc.etc. Lamentavelmente, não vejo nenhum nome político sério que possa pôr esses problemas em dia, pelo menos abruptamente. Estamos numa aparente democracia; mas não nos esqueçamos de que quem vota a maioria, é ignorante, é faminta, é inculta; e eles votarão em quem acham que lhes darão maiores vantagens. Terá de ser aos poucos melhorar e não será fácil. Bem,vou parar por aqui. Há muitas razões que a própria razão desconhece em política, chamo atenção do migalheiro Wilson. Atenciosamente,"

Envie sua Migalha