Parada Gay – um exemplo a seguir

"Na semana passada foram divulgados os números da infra-estrutura envolvida na mega operação da Parada Gay de 2008, que ocorreria em 25 de maio deste ano: 400 mil reais de investimentos diretos em infra-estrutura, 30 ambulâncias, gradeamentos, 800 banheiros químicos, 2 mil homens da guarda metropolitana e um hospital de campanha com 40 leitos, com 46 médicos e 55 enfermeiros contando, ainda, com investimentos do Ministério do Turismo, da Caixa Econômica e da Petrobras que, em 2007 foram, respectivamente, de R$ 200 mil, R$ 120 mil e R$ 200 mil. Pois bem, em razão do surto de dengue no Rio de Janeiro, hoje com praticamente 100 mortes, a maioria de crianças e quase 100 mil infectados, e com a epidemia em alarmante crescimento, há notícias no sentido de que os organizadores estão abrindo mão do evento e dos recursos carreados, principalmente dos recursos médicos (o hospital de campanha com 40 leitos, 46 médicos e 55 enfermeiros + 30 ambulâncias + os recursos em dinheiro) para que sejam transferidos para o Rio de Janeiro, para que sirvam ao salvamento de vidas, em um gesto humanitário e de cidadania que merece todos os elogios. Nos estudos, foi considerada a inconveniência do deslocamento de milhares de ônibus do Rio de Janeiro, com interessados em participar do evento em São Paulo, possivelmente transferindo para nosso Estado o mosquito causador da doença. Mas, o que motivou a decisão final foi o espírito cívico, em outras palavras, claramente inadequada a aplicação de tão vultosa soma de recursos financeiros e médicos quando uma cidade vizinha sofre com uma epidemia que dizima sua população infantil de forma tão cruel e tão desassistida pelas autoridades. Um aplauso, pois, aos organizadores da Marcha Gay, pelo espírito de cidadania demonstrado, ao desistir de seu evento festivo, em favor dos que hoje são mais necessitados. Se em 2008 não haverá a Parada Gay, em compensação, mais vidas poderão ser salvas com os recursos assim destinados."