Ah! Sócrates – pelo menos ele sabia

23/4/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Socraticamente falando, só sei que nada sei. Às vezes penso, confesso, que sei alguma coisa. Na verdade, leio, estudo, procuro me aprimorar. Mas, nada. O velho Sócrates acaba, sempre, com a razão, fico na certeza de que o que sei é que, afinal, nada sei. Tudo ia se encaminhando para o conhecimento de quem, no final das contas, matou Isabella, com a perícia eliminando, uma a uma, todas as dúvidas. Estavam no apartamento, somente 5 pessoas: o pai, a madrasta, Isabella e duas crianças pequenas. Tirantes as crianças pequenas. Só três: o pai, a madrasta e a pequena Isabella. Ninguém mais. Nenhuma outra terceira pessoa. Isabella não se esganou, disse a perícia. Isabella não cortou a tela de proteção, afirmaram os peritos. Isabella não se jogou pela janela, foi a conclusão da perícia. Lá só estavam outras duas pessoas: o pai e madrasta. Mas, eles disseram que não tocaram em Isabella, que não sabem o motivo porque há sangue de Isabella no carro, na garagem, no caminho até o apartamento, no hall, na sala e no quarto, na fralda lavada às pressas, na cama e nas suas próprias roupas, assim como porque há fibras da tela em suas roupas. Se dúvidas havia, foram devidamente espancadas domingo à noite, no Fantástico, com direito a uma porção de 'ss' e uma visão de uma família inteiramente feliz, sem brigas. Sem ciúmes, sem BO’s, sem gritos e sem palavrões, toda amor. Clique aqui. Quem sabia, ou pensou que sabia, ficou sabendo que nada sabia. Esperto o velho Sócrates. É para isso que serve a televisão. Não só para entreter. Para instruir também. Antes, outras pseudoverdades ruíram. Aquela história da Andréia, a 'nossa' brasileira, que todos os jornais, indecorosamente, chamaram ou de prostituta ou de cafetina, como se não pudessem decidir, passando daí para traficante de drogas e sabe-se lá mais o quê. Mas, a verdade triunfou, enfim, no programa Amaury Jr. Uma pobre moça, desamparada. Tudo mais uma armação da polícia, agora da polícia norte-americana, que vive plantando provas para deportar inocentes brasileiros. A moça explicou tudo, tudinho. Esforçada, seguia a carreira de modelo e trabalhava com um designer na produção de eventos. Dedicava-se a aproximar pessoas. Não esclareceu quanto as aproximava. Aquela história das drogas? Armação policial. Prostituta? Jamais, modelo. Cafetina? Imagine. Conhecia umas modelos que, às vezes (ela ouviu falar) saiam com uns empresários. O governador de Nova York? Elliot quem? Na platéia o ex-governador Fleury, médicos famosos, a fina flor da sociedade, todos batendo palmas, aplaudindo Andréia, a vestal. Agora entende-se o esforço do Itamaraty em resgatá-la daquele país de 'brutucús', que ameaçavam, até, sua virgindade. Clique aqui. A cada dia que passa, e devemos todos aprender com Sócrates, a única coisa que sabemos é que nada sabemos. Até pensei que era Aristóteles o autor do pensamento."

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