Alimentos

29/4/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Prezado Prisco, um ponto em comum. João Augusto do Amaral Gurgel era primo-irmão de minha primeira esposa, hoje também falecida, mãe de meus dois filhos mais velhos, o primeiro dos quais ganhou, ao fazer 18 anos, um Gurgel, vendido pelo próprio tio, um inventor, o próprio professor Pardal que se satisfazia tão logo solucionava o problema técnico a que se dispunha solucionar. Um visionário, que pretendeu implantar, no Brasil, a indústria automobilística genuinamente brasileira, o que acabou não dando certo, é claro, como tudo o que é muito nacional. Também não é novidade que entre os países que perdem e que ganham com a crise de alimentos, que é global e seríssima, embora nosso presidente, do alto de sua sapiência, informe ser passageira e sem importância, o Brasil está entre os que ganham, moderadamente, mas entre os que ganham. Em outras palavras, e isso não é nenhuma novidade, o PIB brasileiro é influenciado para cima com a alta dos preços dos alimentos. Então, a alta dos alimentos, essa que provoca a fome no mundo, é boa para o Brasil. A ONU diz que a alta é uma 'crise global', nas palavras de seu secretário-geral, Ban Ki-Moon. Mas, é possível que ele não saiba o que diz, e a preocupação dos membros da ONU não passe de mera especulação e que, afinal, Lula esteja com a razão. Lula afirma que a falta de alimentos significa que 'tem mais pobres comendo'. Aquela gente que vemos na televisão, magrinha, disputando a tapa uma caneca de arroz, aquelas crianças desnutridas, com os olhos esbugalhados, outras mortas nos colos das mães desesperadas, é tudo figuração. Estão tentando enganar a gente. Na verdade, estão é comendo à beça. E nosso presidente, que de bobo não tem nada, percebeu e já disse: quem come milho é galinha e porco. Os pobres estão comendo muito mais. O que acontece é que tem mais pobre comendo. É isso aí."

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